Um jovem rapaz chamado Saudades

Um dia na sua juventude, minha mãe, ainda solteira e sonhadora conhecera um jovem rapaz, e se apaixonaram. As estações dos anos eram presentes para o casal de namorados. Minha mãe tinha conhecido o futuro homem que seria seu esposo. Ele a fazia feliz por seus carinhos, respeito e iminente pai de seus filhos. Minha mãe uma jovem branca, e ele um jovem moreno; aonde passava deixava a todos alegres e orgulhosos.

Era os idos de 70, tempos de chumbo nas capitais e certa tranquilidade no interior. Itabuna era cidade próspera e idílica, pela briosa riqueza do fruto dourado, o cacau.

Sábado havia um sol irradiante no céu, os meninos jogando bola de gude, as meninas de baleado nas ruas serenas e pacatas da cidade. Os mais velhos sentados nas sombras sossegadas em frente de suas residências.

Havia um campo de terra perto da rua 25 de agosto, centro de minha amada cidade de Itabuna, onde minha mãe e alguns parentes moravam. Minha jovem mãe conversava com suas vizinhas e amigas enquanto Delí, o sonhado genro de minha avó, jogava bola com a turma lá em cima perto da 1° de Maio.

E como um terremoto alguns carinhas desciam pela ladeira como se estivessem desatinados para comunicar o fato triste.

- Correm! Chamem a ambulância, Delí passou mal e caiu!

Um dia na sua juventude, minha mãe sonhava junto com Delí de se casarem e constituírem uma família. O destino não quis. O jovem rapaz, havia morrido de infarto fulminante aos 22 anos. E jamais minha mãe conheceu alguém como ele. Sempre me contava das saudades que sentia por ele. Ela faleceu aos 70 anos, e creio que o encontrou lá em algum lugar da eternidade.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 23/10/2020
Reeditado em 24/10/2020
Código do texto: T7094528
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