296 - O Baile de Finalistas
E chegou a noite da festa. Provou de novo o vestido e parecia perfeito. Experimentou os sapatos, voltou a erguer os cabelos, a sorrir para o espelho, a ensaiar a primeira dança. Depois de pronta sentou-se na cama e quando começava a inquietar-se com a demora, ouviu a buzina do carro e desceu. Ele, homem prático e distraído, olhou-a apressado e não comentou nem o vestido novo nem o penteado estudado para por em destaque o pescoço alto e a abertura generosa do decote. Também não trazia gravata e o baile era o remate da sua vida académica. – Não me beijes, disse antes de se remeter a um silêncio que durou até chegarem. Deixou-a à entrada e foi estacionar longe o carro. Quando, finalmente, chegou abriu para ela o melhor sorriso mas a mulher bonita de há pouco estava nervosa, de mau humor e ansiosa por entrar no Salão. – Quanto tempo! Disse áspera. Quando, por fim, se sentaram e depois do discurso do Reitor, a orquestra abriu com uma valsa e ele não a convidou para dançar! E o que era para ser alegre, ficou pesado. Ela perdera a valsa, perdera a paciência, perdera também a compostura. Todas as tentativas que Henrique fez para superar o clima de tensão não resultaram. Helena, definitivamente desiludida, amuada, cansada de fingir alegria junto dos colegas, quis ir embora. E saíram. Ele correu para recuperar o carro, com a pressa raspou num veículo que manobrava também e a solução do acidente demorou um pouco mais. Quando chegou , Helena já não estava. Decidira regressar a casa de táxi.