Céu Vazio - PerfeBleu

Embora, nesse momento de sua vida, ele amasse ela mais que sua própria vida. Ainda havia um sensação de frieza e tristeza, toda vez que ele estava perto dela. Toda vez que ele se permitia usufruir da paixão, mesmo que em poucas intensidades, sua mente o culpava e o lembrava que não tinha chances com ela, e que deixar se apaixonar era um erro idiota.

Mas ele já estava tão imerso naquilo que era impossível fugir desses sentimentos. Porém a certeza de que ela nunca seria dele continuava lá, o acusando quando ele queria apenas estar por perto.

Na verdade, ele lutou muito para não se apaixonar por ela. A evitava nos corredores, evitava trocar mensagens e até trocar olhares. Ele sabia que se apaixonar era fatal. Porém seu coração já estava tomado desde a última vez em que a viu, e ele foi perceber isso tarde demais.

Ele tinha medo de se arrepender por deixar se apaixonar, e estar cometendo um erro. Mas agora o seu medo era de que realmente os dois um dia viessem a se afastar, e que ele se arrependesse por ter sido distante demais, e por não ter ficado por perto quando pôde.

Alessandra, sempre tão doce, em seu jeito de falar e tratar os outros,

parecia que nada nunca a atingiria, como se ela fosse uma pintura renascentista de carne e osso, visível para todos os que estivessem vivos. "Como se ela fosse de uma outra época, ou até de um outro mundo."

William procurava sinais em todas as ações dela, para entender se ela tinha pelo menos alguma faísca de interesse por ele, mesmo se fosse apenas amizade. Porém uma verdade que ele foi cego demais para ver, era o interesse dela na relação dos dois, porém uma relação de amizade.

Ele nessa questão era bobo, achava que se não fosse dar um casamento, então nenhum tipo de relacionamento existiria entre os dois.

"Ela é boa demais para ser minha namorada, embora eu goste muito dela... Mesmo se eu tentasse me melhorar, seja na minha aparência e personalidade, até me equiparar ou supera-la, ainda assim sinto que não teria chances nenhuma. Eu sei que ela não julga as pessoas pela beleza, e muito menos pela inteligência... Não, não é nenhuma dessas coisas que ela procura, é algo diferente... E eu não tenho ideia do que é, porém eu posso saber por mera dedução de que não tenho isso que ela procura...

Talvez ela só quer uma 'experiência' nova, ou algo que a faça esquecer da própria vida, nem que seja um pouco."

Numa das raras ocasiões em que ele pôde falar com ela a sós, ele a perguntou, talvez por causa desse pensamento anterior:

— O que você quer? Até onde você quer chegar?

Alessandra fez algo que nunca antes fez, demorou para responder uma frase direta. Aquelas palavras realmente a fizeram refletir muito, até que ela respondeu, olhando para um céu vazio de nuvens

— O quê eu quero? Para ser sincera eu não tenho nenhum grande objetivo na minha vida... Na verdade, eu não ligo para o que vou fazer da minha vida, eu não tenho família e nenhuma grande preocupação. Estou falando sério, essas coisas não me preocupam em nada. Acho que nossa vida é muito curta para querermos tanto, e muito longa para ficarmos parados...

Mas tem um certo alguém que eu gostaria de perguntar uma coisa... Se é que algum dia vou revê-lo...

Vou te falar uma coisa, eu não acredito que eu vá viver tanto... Se eu chegar aos meus 35 vou ter vivido até demais hahahaha

Tenho medo de ficar velha e perder minha lucidez, tenho medo de ter que ser cuidada em um asilo, com pessoas que nem me conhecem...

Pode ser egoísmo, mas é que eu realmente não tenho nada, eu não tenho ninguém...

Ela parou a frase, num tom quase que melancólico, mas logo voltou a sorrir para mudar o temperamento do assunto. Ela se virou para ele, e o perguntou o mesmo.