O nomeei amor

Peguei o meu ursinho de pelúcia e o nomeei amor.

Amor e eu éramos inseparáveis. Para todos os lugares que eu ia, eu levava amor comigo. E meu amor era tão fofo, que todas as pessoas paravam para o elogiar. Mas um dia, um menino malvado tentou roubar amor de mim. Tive que pegar um saco, o qual nomeei de adeus, para colocar amor lá dentro como forma de proteção. Então, todas as vezes que o menino malvado tentava, de alguma forma, separar o meu amor de mim, eu o protegia dentro de um adeus. Minha mãe, sempre achou esquisito essa minha mania de nomear as coisas, mas eu nem ligo. Nomeio muitas coisas. Para mim, mochila se chama coração, e garrafa de água se chama gratidão. Meu coração e minha gratidão eram dois itens indispensáveis para mim. Eu sempre carregava o meu coração para todos os lados, pois assim, conseguia levar clandestinamente junto comigo, o meu amor. Levo clandestinamente porque tem gente que não permite o amor entrar. Sem amor eu não entro, então o mantenho ele bem guardadinho no coração, com uma garrafa de gratidão, caso ele sinta sede. Não sei o porquê os adultos implicam tanto com o amor, e às vezes, me xingam, dizendo que se eu não parar de andar para baixo e para cima com amor, um dia vou acabar o perdendo. Mas eu nunca perderia o amor, nem se ele escondesse debaixo da escada, a qual chamo de dor, pois é muito difícil subir aquilo todos os dias. Um dia deixei meu amor cair na dor. Rolou todos os degraus abaixo até atingir o chão. Tadinho. Corri para socorrê-lo, dei um pouco de gratidão e logo melhorou. Amor é tão resistente que não importa em quantas dores ele cai, que ele sempre ficará bem. Minha mãe acha muito engraçado isso tudo, mas teve um dia, que eu provei para ela, que eu não era o único que nomeava as coisas assim. Um dia, eu achei Alguém que também tinha um ursinho chamado amor. O amor dele era tão lindo quanto o meu. Todos os dias, levava o meu amor para ver o dele, e juntos nos divertíamos tanto e tanto, que dava até sede. Sempre parávamos para tomar nossa dose de gratidão. Teve um dia que minha mãe colocou meu coração para lavar e tive que levar amor sem ele. Foi difícil carregá-lo junto com todas as outras coisas, mas consegui chegar lá. Quando eu estava indo embora, Alguém foi tão solidário comigo, que deixou eu colocar meu amor dentro do coração dele. Nossos amores ficaram juntinhos lá dentro. Alguém me levou para casa e o agradeci pelo feito. Ofereci gratidão e ele aceitou de bom grado. Eu poderia ficar aqui o dia todo contando sobre meu amor e suas aventuras, mas estou com tanta saudade de Alguém que estou indo lá agora mesmo para que o meu amor se encontre com o dele. Mas antes, me conta aqui, você também tem um amor?

~Dime

Dimecitou
Enviado por Dimecitou em 11/09/2020
Código do texto: T7060285
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