Pedacinhos
A casa era o espaço dos sonhos de Maria - a cama com sua colcha de retalhos, carregando as lembranças de seu primeiro e único amor- a janela da sala, sempre aberta, reduzida a um mero portal sem os sons dos risos amorosos costumeiros...
O sofá- agora tão vazio dos ombros dele- e Maria sem saber por que se diz adeus... Muitos amores acabam assim?
Ela caminhou em direção à varanda. ( Alguns pássaros cantavam no quintal ali perto... O sol ia -se sumindo por trás dos cajueiros... no instante em que o vento lhes derrubava algumas flores... ) - E a noite se achegando...
O tempo era infinito... para além da dor de quem fica sozinha com a morte de seu companheiro... Cantava já uma coruja, triste, ou talvez apenas frágil - Como se o canto dela pudesse fazer se estar em algum lugar... (Que um dia todos viram pó, pedacinhos do que se viveu; ou há outro encontro?)