Em busca do Humanismo
Aquele Ser pousou um olhar enigmático sobre à realidade. Um olhar que não era comum, parecia ser o olhar de um ser incorpóreo, metafísico.
Toda a beleza do universo, sublimada ao mais alto grau que se possa conceber numa criatura corpórea, residia naquele olhar.
Em função dessa característica única, como espelho cristalino da realidade, aquele Ser começou a recitar Hamlet de William Shakespeare:
- “Ser ou não ser, eis a questão”.
Na mente daquele Ser pairava a beleza em sua forma mais cândida: o amor ágape, o amor doação.
- “Somente o homem evoluído, aquele que ama o seu próximo, sabe qual é o verdadeiro sentido da vida” – pensava consigo mesmo!
Do alto de uma montanha, onde aquele Ser se encontrava, olhando à planície ao longe, Ele continuou recitando William Shakespeare:
- “Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática”.
Em função de sua visão privilegiada, de seu olhar de águia, embebedou-se da beleza indescritível daquele lugar.
Como todas as suas decisões eram bastante pensadas, depois de meditar por um longo tempo, decidiu conhecer a planície de perto, e foi descendo montanha abaixo.
Depois de caminhar por longas horas, sentou-se debaixo de uma grande árvore. De uma fonte que jorrava águas cristalinas, saciou sua cede.
Todos os seres vivos daquele ambiente pareciam-lhe familiar. Cobras, lagartos e outros seres rastejantes, abriam-lhe o caminho, enquanto das árvores caiam flores, formando um verdadeiro tapete imperial.
Os pássaros que sobrevoavam acima da copa das árvores, entoavam cânticos de belas canções.
Dada a harmonia e a beleza indescritível daquele lugar, um verdadeiro paraíso na terra, aquele Ser cogitou em seu interior:
- “Quem será o Criador de tudo isso?”
Depois de explorar a região, e de volta ao topo da montanha, aquele Ser estava em posição de lótus, recitando um mantra da tradição celta, quando uma velha Senhora, que colhia gravetos ao longe, despertou-Lhe os sentidos:
- “Será Ela a dona desse lugar?”
Favorecido, ademais, com uma agudíssima visão, Ele passou a observar a forma como aquela velha Senhora cuidava de todos.
Quem seria capaz de imaginar a riqueza de detalhes que aquele Ser capitou em seu olhar? Algum ser humano seria capaz de tamanha façanha? Particularmente pensamos que não!
Aquela velha Senhora cuidava de todos com tanto humanismo, com tanto carinho, amor, afeto que parecia ser a mãe de todos os seres vivos daquele lugar, e Ele pensou consigo:
- “Será que algum dia Eu serei que nem eles?”
E em seguida tomou uma decisão inesperada: tornar-se humano!