O amor de Dalva e Francisco-4
O casal chegou ao cinema e Francisco comprou os ingressos e as pipocas e adentraram ao cinema.
O filme já estava começando, sentaram-se, e com o brilho da tela ambos puderam ver o olhar cheio de expectativas que cada um carregava. O filme foi passando entre uma pipoca e outra, e Francisco, olhando para a tela procurou a mão de Dalva, ela olhou para ele e sorriu com os olhos prendendo o lábio inferior como costumava fazer. E, em uma cena em que os protagonistas se beijaram ao som de Our Love Affair, Dalva e Francisco se beijaram ardentemente tornando aquela canção sua própria trilha sonora.
O filme terminou e ambos saíram do cinema, num silêncio cúmplice. Francisco abriu a porta do carro para Dalva e ela entrou. Seguiram em silêncio até a casa de Janete, onde ela dormiria.
Foi Francisco quem quebrou o silencio:
-- Escuta, eu... Hã, desculpe se fui apressado e...
-- Foi lindo!--Interrompeu Dalva-- Foi lindo, não foi?
--Ah! Meu amor, pensei que você estivesse chateada, não sei. Foi lindo sim. E acho que já temos nossa música, não temos?
-- Temos sim..
Francisco calou-a com um beijo apaixonado ao qual ela correspondeu.
Em seguida, Dalva desceu do carro e dirigiu-se para a casa Janete, olhando para trás uma última vez e ainda vendo Francisco lá. Entrou em casa pelo mesmo lugar que saiu e encontrou Janete ainda acordada, curiosa para saber o que aconteceu:
--Amiga! Você chegou?! Vamos conta tudinho pra mim.
-- Foi...mágico, Janete. Foi mágico... Respondeu Dalva enquanto largava o corpo sobre a cama ainda segurando os sapatos que tirara para entrar pela janela.
Era domingo, Dalva acordou cedo, apesar de ter ficado até tarde conversando com Janete. Agradeceu a amiga e foi para sua casa. Resolveu fazer o caminho da praça, com a esperança de que pudesse ver Francisco àquela na padaria onde sempre ele tomava café.
Realmente, lá estava ele e Pedro como de costume. Ao vê-la, Francisco se aproximou, galante como sempre, mas discreto ao mesmo tempo, sorriu para ela e beijou-lhe a mão. Dalva percebeu que Pedro estava sério, parado à porta com as mãos nos bolsos, olhando firme para eles.
-- Por que seu amigo fica olhando daquele jeito? Perguntou Dalva, desconcertada, passando os cabelos atrás da orelha.
-- Não é nada com a gente. Coisa dele, deixa pra lá.
-- Tenho que ir, minha mãe já está me esperando. Mas queria dizer que amei o cinema ontem -- disse Dalva corando levemente.
-- Eu também. Pra mim foi inesquecível. Vou levar em minha memória.
-- Como assim, vou levar em minha memória? Não vamos mais nos ver?
-- Nem pense nisso! Claro que vamos. Mas terei que viajar, vou ficar uns dez dias e depois eu volto pra você.
--Ah! Que pena! Mas volte mesmo, vou ficar lhe esperando-- respondeu Dalva meio chorosa.
Nesse momento, Pedro interrompeu a conversa dos dois com um assovio e em seguida gritou para Francisco:
-- Chico! O café está esfriando, aqui, ó! Você vem ou não vem?
Francisco acenou da praça. Beijou Dalva no rosto rapidamente e prometeu voltar.
Ao chegar na padaria, Francisco ouviu alguma coisa de Pedro que lhe falava com ar sisudo. De longe, Dalva pôde perceber que Francisco mudara o semblante. Porém considerou que Pedro tivesse antipatia por ela." O que será que Pedro lhe disse para ele mudar daquele jeito?" Pensou.