O amor de Dalva e Francisco -1

Quando Dalva era jovem, moça de 18 anos, morava na cidade de Recanto Feliz. Lá havia um rio extremamente caudaloso que atraiu empresas para a região, e foi assim que Francisco chegou a Recanto Feliz, como engenheiro da barragem que seria construída ali na cidade.

Certo dia, quando Francisco estava em uma padaria tomando café, Dalva entrou para comprar pão. Naquele dia estava chovendo e Dalva não conseguia fechar o guarda-chuva para poder entrar no ambiente; Francisco ao perceber a situação correu para ajudá-la a destravar o guarda-chuva:

--Posso ajudá-la?-- disse ele.

Dalva parou um pouquinho, olhou para ele e, meio sem graça, respondeu:

--Ah! Sim. O guarda-chuva emperrou e não consigo destravar.

Francisco, ao tentar destravar o objeto, sentiu sua mão encostar-se na mão de Dalva, seus corações estremeceram.

Dalva, corada, agradeceu pela ajuda, já Francisco não conseguia tirar os olhos dela e perguntou para a atendente:

-- Aquela moça vem sempre aqui?

A atendente respondeu prontamente:

--Quem? A Dalva? Vem sim, todos os dias nesse horário ela aparece pra comprar pão.

Francisco, agradeceu galantemente a moça, e se virou para a rua, olhando Dalva, que já havia saído. "Então, Dalva, é o nome dela", falou consigo mesmo.

Naquele dia Dalva tomou os pensamentos de Francisco, e ele os dela, e ambos só pensavam naquele encontro que tiveram.

No dia, seguinte, Dalva se levantou um pouco mais cedo, se maquiou soltou os cabelos lindos que, de tão lindos eram quase um instrumento de sedução, e foi à padaria. Sua mãe estranhou a produção, mas nada comentou. Apenas ficou olhando de sobrancelha franzida para a filha, enquanto secava as mãos em um pano de prato.

--O que é, mãe, que a senhora está me olhando desse jeito?--perguntou meio desconcertada.

--Nada não. Vai logo comprar o pão e vê se não demora. -- foi só o que respondeu.

Ao chegar na padaria, Francisco não estava, e ela sentiu uma pontada de tristeza e frustração. Comprou o pão e, antes de sair, Janete, a atendente, contou-lhe em tom de gracejo:

-- Aí, Dalva! Arrasando corações, hein!? Ontem aquele cliente que lhe ajudou perguntou por você, qual seria o seu nome.

--Verdade?! E o que mais ele perguntou? -- disse ela, mal contendo a empolgação.

--Ah! Foi só isso mesmo, mas eu achei ele bem interessadinho, viu? Ficou olhando até você virar lá na esquina.

--Ah! Janete, você é uma boba, deixa eu ir, senão minha mãe me mata. Tchau! -- respondeu ela com ar de feliz.

Quando Dalva ia saindo da padaria, deixou o troco cair. Abaixou-se para pegar e quando se levantou sacudiu os cabelos que haviam caído em seu rosto. Foi quando ela ouviu uma voz que já aprendera a reconhecer:

--Nossa! Que beleza de mulher!

Dalva, olhando para Francisco escancarou-lhe um sorriso, que não pôde conter, e Francisco viu emoldurado naquele lindos cabelos negros, um sorriso que ele não conseguiria esquecer. Dalva, sem dizer uma palavra, foi embora, levando consigo um turbilhão de emoções.