Eterna Paixão De Outono (Parte 1)

A um certo tempo atrás, um rapaz andava de bicicleta pela cidade para ir ao curso. Ele sempre passava em frente a um determinado ponto de ônibus, pontualmente ás 17:30 e lá sempre estava uma garota sentada, com seu caderno e caneta nas mãos. Ela sempre estava ali sozinha esperando o seu ônibus naquele horário. Porém, em um certo dia, ela não estava lá. Apesar disso, nada mudaria pro rapaz, até que minutos depois ele a viu e ela estava bem na sua frente atravessando a rua correndo. Infelizmente o rapaz a atropelou. Ele, com semblante assustado, desceu da bicicleta e foi até ela que, pra sua sorte, não estava muito machucada, apenas com um pequeno ferimento no antebraço direito. O rapaz a pedia desculpas a todo momento e perguntou o que poderia fazer para ajudar. Mesmo após ter sido atropelada e estar com um ferimento, a garota sorria e disse para que a levasse pra casa, que ficava a dois quarteirões de onde ocorreu o acidente. O rapaz então a levou, entrou na casa dela e a ajudou com o ferimento, deslizando um algodão levemente sobre o machucado. Depois de ter a ajudado, ele disse que iria embora para aula, só que a garota não o deixou ir, pediu para que ficasse conversando com ela, pois ela queria muito conhecer o garoto que passava todos os dias de bicicleta por ela durante o entardecer. Boquiaberto, ele ficou surpreso e desconcertado, sendo assim, logo disse que ficaria. Os dois começaram a conversar e assim ficaram por horas, até que, finalmente o rapaz teria que ir embora. Com certeza eles iriam se ver novamente, pois logo combinaram um encontro para o fim de semana.

Chegado o tão esperado fim de semana, a garota já estava curada do ferimento, um alívio para o rapaz. No encontro eles foram tomar um açaí, enquanto isso, conversavam e se conheciam mais. Após tomar o açaí, resolveram dar uma volta pela cidade. Era possível perceber que, naquele momento os dois já estavam gostando um do outro. Ao se despedirem, se abraçaram e ficaram grudados. Olharam um para o outro, os sorrisos se cruzaram e se beijaram, na calçada de uma rua movimentada, as pessoas passavam e olhavam, os carros passavam e buzinavam, mas os olhares e sons que ecoavam ao redor não eram capaz de atingir os dois. O beijo parecia que estava blindado de tudo e todos. Ao terminar aquele beijo, cada um foi para sua casa, com o beijo ainda em mente. Quando chegaram, logo mandaram mensagem um para o outro e a partir dali, começaram a se encontrar mais e mais vezes. Semanas se passaram. O rapaz e a moça se encontravam praticamente todos os dias, cada minuto era um deleite, a cada segundo juntos. quando estavam juntos, a tristeza não existia no mundo. Após essas semanas, que já totalizavam mais de 2 meses, em um determinado fim de semana, tudo mudaria. No sábado daquele fim de semana de outono, eles foram no principal jardim da cidade, jogaram vôlei sozinhos e foram para a casa da garota. Ao anoitecer, preparam um jantar juntos, comeram e foram assistir um filme de romance, porém ninguém assistiu ao filme. Passados os primeiros 20 minutos de filme, os dois começaram a se beijar e a despir um ao outro. Desligaram a TV e foram definitivamente praticar o momento mais quente e ardente de um filme de romance. Durante aquele momento de paixão, de corpos agarrados, de suor escorrendo pelo corpo, era olho no olho, simplesmente uma perfeita conexão até o fim. Depois daquele ato, os dois ficaram em silêncio, olhando um para o outro, não era necessário dizer nada, o momento acabado de ser vivido pelos dois falava por si só, mas a garota resolveu falar. Veio a dizer algo que o rapaz jamais podia esperar, foi como um choque, foi doloroso. Ela disse para ele que na próxima semana iria embora da cidade onde os dois moravam, pois os pais dela iriam se mudar de estado e ela não tinha escolha, a não ser ir junto. O rapaz ficou sem reação, ao ver aquilo imediatamente a garota começou a chorar, pois sabia que aquilo era algo triste. O rapaz perguntou desde quando ela sabia da mudança e pra piorar a situação ela já sabia desde muito antes de o conhecer e nunca teria contato pois não queria perder a oportunidade de conhecer muito mais aquele garoto que ela via de bicicleta todos os dias. No fim das contas, o que os dois estavam vivendo não poderia continuar a ser vivido, porque um dos motivos foi que a verdade não foi contado desde o início, portanto o rapaz preferiu ir embora. A garota até foi atrás, mas ele pediu para que ela o deixasse em paz e então ela deixou.

Ficaram dias sem se falar, até que no dia que ela iria embora, ela foi até a casa dele, pediu desculpas por não ter contado tudo desde o início, confessou que teria sido muito melhor e diferente para os dois, já que ela estava mentindo para ela mesma quando fantasiava coisas futuras com o rapaz, mesmo sabendo que aquilo não poderia acontecer. Após o pedido de desculpas e um pouco de conversa, ela pediu para que ele a bloqueasse em tudo nas redes sociais, mas o rapaz não concordou e achou um absurdo, ela discordou e os dois discutiram sem parar até ela decidir ir embora dizendo que ela mesma iria bloquear o rapaz em tudo nas redes sociais para que os dois não tivessem nenhum contato. Mas antes de ir embora o rapaz disse " eu posso ter aceitado suas desculpas, mas saiba de uma coisa, eu nunca vou esquecer da dor que isto tudo está me causando" ela olhou com os olhos arregalados e via o rapaz com uma expressão de raiva fechando o portão, e assim acabou ali, ela foi embora chorando, e com o celular na mão para bloquear ele de tudo, feito isso ela decidiu tentar esquecer ele, era a única alternativa a se fazer, um mal necessário e ela refletia, o porquê de não ter contado desde o início tudo, já que acabou magoando a ela mesma e também quem ela jamais deveria magoar, foi um erro que ela levaria de aprendizado ao se mudar, de que jamais mentir ao conhecer alguém independente do que seja será a melhor opção. Enquanto isso, o rapaz escrevia sobre sua atual decepção. Poemas e mais poemas durante os dias, passar em frente a um determinado ponto de ônibus para ele era angustiante, mas ao mesmo tempo era necessário passar por lá para poder encarar a dor até ela sumir. Um dia ela sumiu, e ele continuou vivendo um dia após o outro, as vezes lembrava da garota e escrevia uma poesia, as vezes ela lembrava dele e sorria, mas um sorriso que escondia tristeza.

Passado os meses e anos, eles vivendo um longe do outro, se relacionando com outras pessoas, se decepcionando e seguindo adiante, a garota teve que vir a sua antiga cidade onde morava. A cidade onde ainda morava o rapaz, para ir a um velório. Ela logicamente não iria atrás dele, pois foi uma decisão dela no passado. Chegando na cidade, ela teve que ficar por uma semana. O rapaz não sabia da presença dela, até que um dia, quando ele estava no bairro mais comercial da cidade, ao trancar sua bicicleta em um poste qualquer, ele pode sentir um perfume muito próximo, muito familiar, muito marcante. Ele então olhou para trás, e lá estava a garota, a poucos metros dele, com vestido preferido dele. Ela estava com lágrimas nos olhos. As lágrimas chegavam a escorregar pelo rosto, ela se aproximou dele e pediu desculpas mais uma vez, o rapaz sem graça, aceitava mais uma vez, então sorriu e a abraçou. Parecia que a briga que tiveram quando se viram pela última vez enfim teve um fim.

Após o abraço, ela pediu para que ele passasse a tarde na antiga casa dela, o rapaz indeciso pensou e pensou, após muito pensar e a garota insistir, ele foi. Chegaram lá e ficaram tomando algumas cervejas, conversaram sobre a atual vida amorosa, ela atualmente estava se envolvendo com uma garota e que futuramente, talvez viessem a namorar. Ele estava gostando de uma garota, mas não sabia se ela também gostava dele, já que ela disse “não” para ele e que parecia que iria dizer “não” mais uma vez. Apesar dele achar que apesar do “não”, na verdade pudesse significar um sim, muito complexo. Quando ele contava para a garota dos “não” e da rejeição que teve por outras garotas, ela simplesmente achava um absurdo e não entendia a razão de ninguém o querer, ele respondia que provavelmente não existe ninguém a altura e que definitivamente nasceu pra viver sozinho. Ela ficava em silêncio pois sabia que aquilo, querendo ou não, era uma verdade. Após o bate papo, ele teria que ir embora. Mas antes, ela disse para ele esperar ela ir ao banheiro... ele esperou. Quando ela voltou, estava totalmente nua, o rapaz ficou paralisado e admirava aquele corpo nu, que para ele era como o universo. Ele deveria ser mais uma vez um astronauta e viajar pelas galáxias do corpo dela, e assim ele fez. Os dois fizeram daquele momento, a coisa mais importante e única na vida deles. Nada mais importava a não ser o sexo, os orgasmos, aquele último momento de paixão de suas vidas juntos. Após esse prazeroso ato, ficaram abraços por muito tempo, até ele beijar a testa dela e ir embora. Porém antes de ir, a garota disse a ele: “jamais vou entender quando uma garota disser não pra você, jamais vou entender como você ainda está sozinho até hoje, será possível que o seu amor era pra ser eu, talvez sim, talvez não, você me disse que não sabe se o amor existe mais, porém eu tenho certeza de uma coisa, você pode ser o amor da vida de qualquer uma, basta a outra pessoa querer e eu até quis, mas querer não é poder" e então ela deu um selinho nele e virou as costas. O rapaz ficou pensativo naquele momento. Enquanto a via nua voltando para a sala, mas ele virou as costas e seguiu seu caminho, só que antes dele fechar o portão, ela gritou: "não desista do amor, não desista dessa garota que você está gostando”. Ele respondeu: " vou pensar no seu caso”, soltou uma risada enquanto a olhava pela última vez e fechou o portão e então seguiu sua vida novamente e ela também.

Se os dois irão se encontrar de novo no futuro, isso é um mistério, se um dia eles estarão juntos novamente, isso provavelmente é quase impossível, e logo também é um mistério.

Antes de terminar esta história é preciso dizer, que a garota queria algo como prova das desculpas que ela pediu, enfim, isso tudo que o autor aqui está escrevendo é a prova.

Feliphe Xavier Nunes
Enviado por Feliphe Xavier Nunes em 19/07/2020
Reeditado em 19/07/2020
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