Essa manhã abriu meus olhos - Azul Perfeito

Gustavo já havia planejado tudo. Logo na semana seguinte sairia da escola, e começaria seus estudos em casa. Ninguém sabia disso, não que ele estivesse escondendo, na verdade era porque ele julgava não ser importante para os outros, por isso não fez questão de contar.

Depois de pensar e refletir muito, havia chegado a conclusão de que era incapaz de continuar convivendo com Alessandra. A simples presença dela já o deixava nervoso, e tudo piorava porque a paixão realmente existia, e ela nunca seria correspondida.

Para tentar se livrar da paixão, ele tentou o caminho mais fácil: Ele foi embora.

No último dia, ele voltou a escola depois de três dias sem ir, somente para ver pela última vez o rosto de sua amada. Embora o mais correto fosse nunca mais vê-la novamente, algo nele se sentia extremamente incomodado com a ideia de não fazer uma despedida.

Talvez para ele, vê-la em sua rotina normal sem se importar com a presença dele, fazia de sua fuga algo menos culposo.

"Ela não vai sentir falta, porque não sou importante para ela. Então não há mal em ir embora."

O último sinal, das 11:30 havia batido, e era hora de ir para casa (e nunca mais voltar). Gustavo não notou, mas estava caminhando com certa hesitação. Ele procurava não olhar para trás, para não vê-la novamente. Mesmo se segurando, ele acabou dando uma leve espiada, e tal ato foi fatal. Alessandra estava bem atrás dele, quase o alcançando.

Ele voltou seu rosto para frente, imediatamente ao evento de te-la notado.

Mesmo olhando de relance, percebeu que ela caminhava com o intuito de alcança-lo, pois ela olhava fixamente para ele no ato.

Gustavo não estava preparado para falar com ela, então seus passos começaram a ter um ritmo incerto.

O primeiro sinal de que ela havia o alcançado, foi o cheiro dela que o alcançou, como se o cheiro, por si próprio estivesse o prensando em um delicado abraço. O segundo sinal, foi a silhueta dela, e logo em seguida, todo o aspecto gentil de seu corpo. Ela não estava indo falar com ele, ela simplesmente estava andando mais rápido que de costume, como se estivesse com pressa.

Ela o havia ultrapassado, e logo seu coração estava quebrado.

No meio das dezenas de adolescentes saindo da escola, Gustavo de repente se via tentando alcançar uma só pessoa (os dois faziam o mesmo caminho para casa).

Ele voltou a si, e lembrou-se que aquele era seu último dia, e que sua missão era se afastar exatamente dela. Alessandra parecia cada vez mais veloz, e a distância entre os dois só foi aumentando, até o ponto em que ela já estava no ponto mais alto do morro.

A imagem dela no topo, tão a frente dele, o fez pensar — " É como se eu nunca conseguisse alcançar ela em nada... É como se ela... estivesse sempre longe demais de mim. Mas é isso o que significa se apaixonar: é se perder...."

A última vez em que Gus viu ela, Alessandra dobrava a esquina do morro, e a última coisa que ele viu dela, foi um certo olhar aleatório para trás, porém, forte o suficiente para faze-lo se sentir péssimo o resto de sua vida.