Sozinho

Quantas pessoas já haviam esbarrado em seus ombros? Muitas; parou de contar depois da terceira ou quarta. Claro que era estranho estar como uma estátua no meio daquela calçada movimentada, mas não se importava. Há alguns dias, começou a reparar nas pessoas que chamava de amigos, sempre sorrindo e brincando, mas.... nunca fazia parte das brincadeiras, nem lhe chamavam para participar delas, então depois de dias notando isso, tomou uma decisão. iria fazer o teste.

Todos saíram, estavam indo fazer algo em algum lugar – não se recordava de onde, pois não prestou atenção naquela parte da conversa. Era incrível a boa energia que exalavam enquanto andavam e brincavam juntos (claro, sem que fizesse parte, isso também era incrível... incrível como sempre esqueciam de si). Continuou com sua decisão de fazer o teste. Como sempre, andava mais atrás, pois nunca houve espaço à frente.

Continuava ali, naquela calçada cheia de pessoas, vendo as pessoas que chamava de amigos irem andando sem notar sua ausência; por algum motivo não ficou triste como achou que ficaria, nem deixou-se levar pela raiva, era como se algo dentro de si sempre tivesse consciência que aquilo iria acontecer, algo dentro de si já tinha aceitado que sempre estaria só. Por algum motivo inesperado, um sorriso mínimo se desenhou em seu rosto; deu as costas e começou a caminhar na direção oposta a que estava indo.

Assim que ao primeiros passos foram dados, as primeiras lágrimas também molharam seu rosto, abaixou a cabeça e aumentou a velocidade dos passos; não entendia o porquê das lágrimas, não estava triste! O desespero tomou sua mente, começou a correr, tudo que queria era sua casa.

Abriu a porta quase sem força alguma, olhou ao redor com os olhos vermelhos e inchados. Suspirou. Iludiu-se se achava que alguém estaria a sua espera, ninguém espera quem mora sozinho. Sentou-se a mesa e deitou a testa sobre a mesma. riu sem humor. até seu gato havia ido; ficou mais algum tempo ali, com a cabeça apoiada sobre a mesa, só notou que havia cochilado quando sentiu uma mão sobre seu ombro. levantou-se no susto e deu de cara com o sorriso que aquecia seu coração todas as vezes; lágrimas saíram de seus olhos quando finalmente o abraço foi dado.

– Oi..

– Oi.

No final, ninguém nunca está sozinho.

Pequeno Sol

Data: 26 de maio de 2020; terça-feira. Hora: 09:04 am.

Fayre Moon
Enviado por Fayre Moon em 14/07/2020
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T7006074
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