Imagem: Google






Capricho do Destino - Parte 3, final.
 
 
Beatriz mergulhou na engenharia, seu grande sonho de adolescente e desejo da fase adulta. Fez novos amigos, estabeleceu novos objetivos, voltou a sorrir, mas não namorava mais. Fez-se reclusa do sentimento afetivo, não queria apegar-se a mais ninguém e seguiu a vida tornando-se uma grande profissional em sua área de atuação. Mulher forte e decidida jamais atuou como engenheira, pois sempre assumiu cargos de direção nas empresas em que trabalhou. Depois daquele terrível telefonema Bia afastou-se da família de Fernando e nunca mais sequer soube notícias do mesmo até que depois de sete anos o passado volta e apresenta-se diante de seus olhos.

Estamos no ano de 1996; Beatriz é diretora em uma empresa de construção e encontra-se no interior do estado a acompanhar um grande serviço de engenharia. É uma tarde de quinta-feira, a engenheira está em seu escritório analisando uns cronogramas quando um funcionário lhe comunica que um homem deseja falar com ela e se identificou como Fernando. Bia ficou pasma; que assuntos ele teria a tratar com ela? Talvez fosse algo relacionado a construção civil, pois ele também era engenheiro da mesma área. O funcionário perguntou se podia mandar o rapaz entrar e Beatriz disse que não precisava, ela iria atendê-lo na porta de entrada da empresa e assim o fez.

 
Beatriz caminhou a passos lentos, na face uma expressão de total frieza e na mente as lembranças ferviam em um turbilhão de emoções desconcertantes e se questionava sobre como após tanto tempo ele a encontrou em seu trabalho e o que ele queria. Fernando estava calmo, ar sereno, mantendo o controle como de costume, parecia até que o tempo não passara.

 

Imagem: Goolge


De repente Bia abre a porta e os dois se olham por alguns instantes; quanto tempo havia se passado até aquele momento! Não se abraçaram, nem as mãos se deram pois ela estava em uma postura totalmente defensiva e perguntou friamente ao ex amor: "qual a razão de sua visita e como me encontrou?" Fernando, sentindo o ambiente pesado respondeu que pesquisou junto aos engenheiros e amigos que eles tinham em comum conseguindo a sua localização; depois, foi direto sobre o motivo que o levara a revê-la dizendo-lhe que havia tomado uma decisão errada no passado, que não amava a esposa e que desejava retomar o relacionamento com Bia. Em nenhum momento pediu desculpas pela forma como agiu no Natal de 1989, apenas disse que estava para se separar da esposa e que sentia uma enorme saudade de Bia. Esta, por sua vez, disse ao engenheiro que o passado deve ficar no passado, que ele negou a ela a oportunidade de lutar por aquele amor, uma vez que a manteve distante e ausente do que se passava com o mesmo. Que não havia a menor possibilidade de resgatar o amor de antes e que as palavras que ela lhe dissera naquela ocasião jamais deveriam ser esquecidas por ele.

A engenheira se viu diante de um homem derrotado pela vida, com um olhar triste, aparentemente amargurado e lembrou-se de todo o sofrimento que ele lhe causou. Então, o aconselhou a voltar para a esposa e rever o casamento - se possível retomar, e que ele nunca mais a procurasse na vida, pois nem a amizade dele ela queria. Dito isto, Beatriz deu-lhe as costas e voltou para o trabalho. Fernando, ficou ali parado, estagnado, com um profundo sentimento de arrependimento por ter se deixado levar por uma paixão. Depois, partiu.

 
Imagem: Google


Os dois residem na mesma capital e de tempos em tempos o destino trata de colocá-los frente a frente. E a cada encontro percebe-se como os dois se amam. É uma conexão que não tem fim. Beatriz, superou o trauma, casou-se e teve uma filha; o seu marido conhece toda a narrativa da história e se diz um privilegiado por ter encontrado uma mulher de firmeza de caráter e se diz agradecido ao Fernando pelo erro que ele cometeu ao não casar-se com Beatriz.

Fato é que, por um capricho do destino um grande amor não prosperou e não deu bons frutos. Fernando segiu com a sua vida e em seu olhar percebe-se uma discreta tristeza. Bia, sempre está a sorrir; porém, o seu riso desde àquele Natal de 1989 mudou, parece-nos um riso triste, incompleto. Talvez, Beatriz e Fernando, sejam as almas gêmeas que se encontraram, mas que nesta vida não puderam viver o seu grande amor.

Alvaniza Macedo
13/07/2020





 
Alvaniza Macedo
Enviado por Alvaniza Macedo em 14/07/2020
Código do texto: T7005207
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.