Reencontro

Eu imaginei tantas vezes aquela cena em minha mente que era impossível fingir surpresa quando ouvi sua voz chamando meu nome. É claro que eu sabia ser a voz dele, sabia que era ele mesmo antes de me virar com um sorriso no rosto. Ele me disse que parecia que eu o esperava, então eu o respondi que apesar de todos os anos em que não tivemos contato algum, eu nunca deixei de esperar sua volta. Vê-lo parado em minha frente com um sorriso de lado e uma das mãos no bolso de sua calça foi uma das melhores visões em anos. E isso sim me surpreendeu.

Quando rompemos foi brusco, doloroso, mas não deveríamos perder o contato e o carinho que tínhamos.... Mas aconteceu, ficamos tanto tempo sem nos falar que eu não tinha ideia do quanto sentia falta dele. Ele me convidou para um café, se lembrou do jeito que eu sempre gostei e eu obviamente aceitei, conversamos obre como mudamos e isso era para ser no mínimo embaraçoso, mas apesar da distância, sempre nos conhecemos muito bem. Falamos sobre os planos que nunca fizemos, os sonhos que nunca sonhamos, já que no fundo nós dois sabíamos que não éramos feitos um para o outro. O para sempre nunca existiu para nós, não ficaríamos junto eternamente e sabíamos disso. Éramos felizes mesmo com isso.

Junto com aquele café, com aquele reencontro, eu recuperei um fragmento importante do meu passado. Não o amor urgente e sem futuro que tínhamos, mas sim o meu eu que vivia o presente e o aproveitava intensamente. Nos anos que se passaram me tornei cada vez mais uma pessoa diferente do que sempre quis ser, acomodada, conformada. Eu passei a aceitar que as pessoas passariam pela minha vida e uma hora ou outra cairiam no esquecimento, mas esse meu eu do passado nunca permitiria isso. Reencontrei não só um ex companheiro, reencontrei um amigo e me reencontrei também.

Bianca Gonçalves
Enviado por Bianca Gonçalves em 27/06/2020
Reeditado em 28/06/2020
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