Se Declarando - PerfeBleu
Naquela semana em especial, Gustavo vivia o pico de sua paixão por Alessandra. Ele passava praticamente a noite toda apenas pesquisando informações sobre ela, e admirando todas as fotos no insta de Sam (que a propósito ele demorou para encontrar).
Se fosse antes, ele se sentiria culpado de ter deixado esse sentimento lhe dominar o ser, mas acontece que estava tão hipnotizado com a garota que ele mal pensava em outra coisa a não ser ela.
O cabelo dela, o charme dos óculos, seu cheiro, seu olhar e sua forma de dar risada. Tudo isso para ele eram arquétipos de perfeição feminina encarnados juntos em uma só pessoa chamada Alessandra Brandt
Os sentimentos estavam tão intensos que nem ele mesmo conseguia se controlar, pretendia se declarar no dia seguinte. Ia dizer para ela tudo o que tinha sentido desde a primeira vez que a viu. Antes ele não achava que tinha chances com ela, mas agora que a ilusão da paixão lhe subiu a mente, já planejava até o futuro relacionamento de ambos.
Ele dormiu pensando naquilo, e no dia seguinte esperou até o recreio para ir falar com ela.
Gustavo estava tão trêmulo por causa da ansiedade, que mal conseguia andar pelo pátio enquanto a procurava. Um frio percorria todo o corpo dele porém não podia se ausentar daquela tarefa, pois já era briga comprada. Ele só queria saber o mais rápido possível qual seria a resposta de Alessandra.
Ele a encontrou sentada na biblioteca conversando com Felipe, e isso era um pequeno problema, pois ele teria que interromper a conversa para falar com ela. Ele não pensou duas vezes e foi em direção a menina, porém quando chegou perto ouviu uma parte do diálogo que o fez se deter no mesmo instante:
- Alessandra, eu tenho gostado de você desde a primeira vez que lhe vi.
Acho que você é a garota mais doce e bela que eu já conheci na minha vida. Desculpas se estou te deixando sem graça, mas essa é a verdade. E mesmo que você não queira ficar comigo, eu apreciaria muito se pudéssemos ser apenas amigos. Você acha que a gente pode conversar a respeito disso? - Disse Felipe olhando nos olhos de Sam, e por um momento os olhos dela pareciam estar em outra dimensão. Talvez tenha sido o jeito que Felipe se declarou, ou apenas o momento, porém ela parecia estar muito a vontade com ele, de modo que respondeu como se já soubesse o que seria perguntado antes dele sequer falar:
- Nossa, isso foi bem repentino, confesso que estou um pouco tímida agora... Eu também estou impressionada com o fato de você ter escondido isso de mim por tanto tempo, porque eu sempre consigo sentir quando alguém gosta de mim... Acho que me sinto lisonjeada pelos seus sentimentos, mas, por favor não leve isso como esperança, pois eu sou bem complicada nessa área. Nem eu mesma me entendo, eu não sei o tipo de amor que quero encontrar... Então você vai ter que aguardar uma resposta minha, preciso pensar e refletir sobre isso... Mas quanto a amizade, não precisa pedir por isso, você já a tem 100%... Olha acho que vou no banheiro agora, a gente se fala depois, tudo bem?
- Respondeu Alessandra enquanto se levantava e saia (os dois se despediram com um leve sorriso, mas que significava algo que só os dois sabiam entre si). Felipe ficou ainda na mesa anestesiado, nem notou Gustavo que nesse ponto já estava em outra mesa sentado, observando toda a conversa.
Voltando para Gus, ele simplesmente não acreditou que aquilo tinha acontecido. Por um momento toda aquela tensão amorosa sumiu dando lugar a um certo sentimento azedo dentro de si mesmo. Ele não sabia se sentia tristeza, raiva ou revolta. Simplesmente estava sem reação pois todo o seu plano havia sido jogado por terra e agora não havia volta.
"Merda é sempre assim, aconteceu de novo... Eu sabia que não devia ter gostado dela. Mas quer saber a verdade? Eu não me importo, não me importo com o que acontece com a Alessandra, eu não gosto mais dela... Que droga..." Pensou Gustavo tentando se convencer que de repente já não tinha mais sentimentos pela menina. Ele se levantou e saiu da biblioteca, estava indo em direção ao cantinho onde ele costumava ficar sozinho, quando queria esfriar a cabeça.
Enquanto ele caminhava meio sem rumo, ouviu uma voz feminina lhe chamar o nome. Por um instante seu coração tremeu por ter imaginado Alessandra atrás de si, porém não era ela. Quem estava atrás dele era uma menina chamada Luana, menina essa que Gustavo vivia evitando pois a considerava chata. Ele se virou e perguntou o que ela queria:
- Você está ocupado? Posso falar com você um pouco? Não vou incomodar.
Gus não se recusou a falar com ela, porém estava com um péssimo pressentimento em relação a essa "tal conversa". Enquanto ela o levava em um caminho diferente que ele planejava ir, muitas coisas passaram pela mente dele, entre elas a possibilidade de que aquela garota em sua frente, se declarasse amorosamente e isso o perturbava, de modo que estava tão ansioso agora quanto estava quando se aproximava de Alessandra.
A menina o levou em um lugar onde havia pouca gente e começou a timidamente dizer enquanto Gustavo estava com uma cara séria:
- É... hmm, você se lembra, é... da-daquela flor que me deu? - Ela ficou calada como se estivesse esperando uma resposta dele, porém ele também não sabia o que dizer, apenas acenou com a cabeça que sim e nisso ela, que gesticulava muito com as mãos (sintoma de ansiedade) voltou a falar. - Então... é que.. hmm, eu eu ainda tenho ela... Muito obrigada por ter me dado ela, foi muito especial da sua parte...
Tipo, você é uma das únicas pessoas que me trata bem aqui na escola...
Eu te considero meu melhor amigo... - Novamente, a garota que se esforçou para concluir aquela frase, volta a ficar em silêncio esperando resposta de Gus, e ele por sua vez tenta dizer algo para quebrar o clima:
- Aquela flor? Aquilo não significou nada hahahaha, não precisa agradecer por aquilo. E eu não te trato bem, eu só te trato com respeito. Muita gente te trata assim, é você quem não percebe. Era só isso que queria falar? Não precisava ter me trago até aqui para poder agradecer, podia ter dito lá no corredor mesmo... Bom se é só isso, eu já me vou pois quero ir ao banheiro. Licença viu, te vejo na sala Luana.
Gus não disse isso por maldade, ele estava tão nervoso quanto a menina. Ele só queria sair dali o mais rápido que pudesse e tentar esquecer que tudo aquilo aconteceu. Enquanto ele se preparava para virar, a menina soltou a seguinte frase:
- Eu gosto de você... Gustavo.
- EITCHA LELÊ. - Disse Gustavo acidentalmente enquanto se virava ao lado oposto da garota...
Continua...