O amor inesperado
De todas as coisas que acontecem na vida, o encontro com o outro é o que mais fascina.
Dia desses, uma mulher andava pela rua, faceira, cabelos ao vento, sorriso no rosto. Quando caminhava, é como se estivesse dançando, mesmo com pequenos passinhos.
Morena dos cabelos compridos e escuros, dos olhos castanhos, de um sorriso largo, com um coração do tamanho do oceano. As curvas do seu corpo eram acentuadas, sua pele macia e cheirosa exalavam um perfume sem igual. Carregava palavras no corpo, marcadas pela vida cheia de intercorrências.
Vez por outra ela pensava: “Quem poderia enlaçar meu pequeno grande coração?”
Só não imaginava que com seu questionamento pudesse continuar seguindo, apostando no amor, esse era o seu único caminho, o de perguntar mesmo sem resposta.
No entanto, a vida é imprevisível, que de tanto andar esbarrou com um rapaz do outro lado da cidade. Que rapaz! Um preto alto, lindo, cheiroso que nem campo de flores. O sorriso tímido que surgia, chegava primeiro que ele. De uma troca de olhares, trocaram telefones, e dias depois conversavam diariamente.
Mensagem vai, messagem vem, marcaram um encontro na casa dela.
Um jantar foi preparado de um jeito simples, aconchegante, com incenso exalando perfume, com velas, com música baixinha.
Um clima agradável, conversa boa, risadas soltas, beijinhos de leve.
A timidez do encontro inesperado de dias atrás foi deixada de lado, pareciam que se conheciam a muito tempo.
E não é assim que surge o amor, do inesperado?
Quando menos se espera, duas almas se encontram, o tempo é apenas um pequeno detalhe.
Terminaram o jantar, sentaram juntos no sofá, encostados um no outro, sentindo o cheiro que eram liberados de seus corpos. Pronto, era tudo que faltava.
Os corpos se tocaram, as mãos dele começaram a deslizar pelas curvas do corpo dela, um arrepio a cada toque, a cada beijo ao pé do ouvido.
Pouco a pouco, cada peça de roupa foi sendo retirada devagar, sem pressa, com beijos intensos por todo os lugares.
Ela vestia por baixo de um vestido florido, uma lingerie preta e rendada, e ele com sua cueca box branca contrastavam com sua pele preta.
A beleza do encontro, do olhar, do toque, tudo isso era sentido enquanto se abraçavam, se desejavam ainda mais.
Pequenos incêndios de prazer tornaram-se labaredas incandescentes. De repente, estavam nus, de almas despidas admiravam-se mutuamente, um momento pra se guardar na memória.
O prazer do olhar, do toque, da carícia, foi sendo sentido a cada movimento que faziam. Nesse movimento corporal de vai e vem que acontece no sexo, ambos soltaram todo o perfume que carregavam. Fluidos surgiam por todos os poros, orifícios, e os beijos eram mais ardentes, as mãos fortes, os gemidos de prazer sentidos a cada segundo.
Exploraram todos os cantos da casa, sem pressa de chegar ao clímax da relação sexual. Faziam pequenas pausas estratégicas na tentativa de perpetuar o prazer que sentiam, sempre com respeito ao parceiro.
Palavras de de afeto trocadas antes, durante e, quando menos se esperou, o gozo tomou conta do dois num suspiro potente e cheio de vida.
Deitaram abraçados, a música tocava, suspiraram de prazer, o amor replandecia no rosto, transbordava pelos poros, inundavam suas almas. Adormeceram um sono leve e gostoso depois de experiência descomunal que sentiram.
Dias depois, lá estavam eles, encontrando-se na rua, em casa, no carro, aprenderam a trocar afeto, a viver apostando no amor sem precisar de garantia.
Entenderam que o amor, na melhor das hipóteses, talvez seja isso, leve e forte, intenso e calmo, uma invenção diária, que às vezes queima e incendeia.
Disseram pra eles que o amor era gostoso, e é. Só esqueceram de dizer que é também trabalhoso. E que trabalho é amar o outro numa vida tão breve.
No amor há encontros e também desencontros. Apesar disso, que nada que atrapalhe o encontro com o outro, com o amor, com o afeto, com o prazer, mesmo que haja tantos desencontros por aí.