Um diário do fim de amor.
Ontem, eu fui embora da tua casa e da tua vida, em meio as nossas costumeiras brigas, tu me disse, “ Bia, se não estas satisfeita, vai embora, é só isso que tenho que para te dar”. Respondi, “ate segunda-feira, não haverá mais nada meu aqui”. Tu ainda tentaste falar alguma coisa quando viu que, realmente, eu iria embora. Era tarde, tuas palavras foram cruciais, não havia como voltar atrás. Tu me feriste inúmeras vezes e perdoei calada no meu canto, foram várias tentativas de destruir a minha autoestima. Sabia que não poderia mais retroceder, voltar no tempo, não ter falado aquelas palavras. Recuar e ficar quietinha engolindo as tuas grosserias, não dava mais, era game over. Não era somente orgulho, era uma amargura me atravessava inteira pelos poros, pelos anos de descasos, atrasos, casos e falta de verdades. Foram motivos vários para não te querer mais, tu construíste com grande genialidade o nosso fim. Tu o mereceu e por isso o recebeste com muita honra. Eu só fui, não fiz rotas de fugas para voltar para ti, estava atravessado uma ponte sem retorno. Eu fui inteira e íntegra sem medo, logo eu, que sempre temia tanto te perder, te amava tanto, Edu. Logo eu que pensava que poderia morrer longe de ti, (mas não morri ainda).Avisei-te, inúmeras vezes, que estava indo embora, porém, tu tão doido, instável nunca prestou atenção em mim. O hoje, o ontem, o amanhã( se houver) se misturam, andei pelas ruas com uma fissura aberta no peito olhando para todos os lados vendo casais de mãos dadas, eu era só mais um ímpar na multidão. “Aonde foi que eu errei também, será que aceitei coisas demais de ti..” Terminei o dia arrumando os armários bem bêbada com os vinhos que roubei de ti. Gosto de dormir sozinha, porém tenho um longo dia pela frente. Os meus sentimentos se alternam. Ora não me arrependo de ter indo embora de forma radical, em outros momentos, bate-me uma agonia horrível e me pergunto: “o que faço da vida sem ti, Edu.” Temo...Parece que a cratera que sempre me assolou irá me engolir. Nesse momento, tudo me dói uma dor imensa escorregadia que me impede de sentir prazer nas coisas. É, não somos mais nós dois, amor. É somente eu nas imagens do espelho. Existe um reflexo em tudo: eu. E é comigo que preciso aprender a viver e lidar com a minha solidão e os meus medos do claro e do escuro, preciso enfrentar a minha insônia como gente grande.