BRINCANDO COM O AMOR (Republicação)
Josélia tinha todos os motivos para se sentir chateada naquela noite de festa, quando foi convidada para um baile de formatura de uma amiga. Estava elegante, demonstrava um sorriso não tão alegre, mas que dava para agradar os amigos ali presentes no grande salão do clube da cidade. Havia rompido o namoro com Gilson, um namoro que durou exatamente três anos. Estavam tão apaixonados, tão seguros nessa relação e de repente a coisa desandou. Todos ficaram admirados com a separação, já que esperavam a qualquer momento um noivado, para que o futuro de Josélia e Gilson se tornasse uma realidade com um pedido de casamento.
Em casa Gilson se arrumava, queria estar elegante em um evento que mudaria o rumo de sua vida. Estava feliz, pouco se importando para o que comentavam a seu respeito sobre o rompimento do namoro com Josélia. Os motivos reais não foram esclarecidos, muitos ainda não estavam acreditando no que viam, pois o casal representava o símbolo do amor, uma união que tinha tudo para um final feliz.
A festa de formatura de Ana e outras amigas da faculdade já ia ter início e todos os convidados já estavam presentes, exceto uma pessoa que era bastante conhecida de Josélia e das formandas: Gilson. Ele era o par de Josélia para dançar a valsa e ela estava bastante triste com a substituição de última hora, feita por solicitação de Ana.
O mundo parecia ter desabado sobre Josélia, que em algumas ocasiões parecia estar no mundo da lua, fora de si, absorta em pensamentos, sendo “acordada” por alguém do seu lado. Imediatamente sorria, demonstrava uma falsa alegria, muito diferente daquela que todos conheciam. Mas Josélia estava firme, alegre ou não ela não queria estragar a festa de formatura para a qual fora convidada com muito carinho, apesar de estar com o pensamento bem longe, direcionado para a pessoa que ainda amava.
Afinal chegou a hora da valsa e todos os casais começaram a se formar no salão, sendo chamados pelos nomes, primeiro o da dama, depois o do cavalheiro. O inusitado nisso era que o cavalheiro tinha o rosto coberto, vendo-se somente os olhos, que no ambiente de pouca luz tornava-se difícil de reconhecê-los. O nome de Josélia foi chamado, em seguida foi chamado o nome de um tal de João, que ninguém sabia quem era, que talvez nem conhecessem na região. A música começou, era uma valsa linda e Josélia abraçou seu par para a dança. Sentiu um aperto no coração ao se sentir nos braços de um desconhecido, mas ao mesmo tempo sentiu uma emoção como se aqueles braços estivessem lhe dando segurança. Sentiu até uma certa simpatia pelo rapaz, mesmo sem conseguir ver o seu rosto, imaginando que ali poderia estar o seu querido Gilson. Dançou tranquilamente até o final da valsa, quando as luzes se acenderam e a voz de uma formanda, ao microfone, anunciava para que todos os cavalheiros tirassem suas máscaras diante das damas. Josélia tomou um susto e quase desmaiou quando viu o rosto do seu par. Era Gilson, que, com um microfone na mão, anunciava para ela diante de todos que a amava e que tudo não passou de uma brincadeira, com a participação das formandas, para declarar o seu amor e anunciar o seu noivado em tão brilhante evento. Surpresa, Josélia quase não acreditava no que via, imaginando estar sonhando. Mas era tudo verdade e as pessoas presentes aplaudiram o jovem casal, desejando felicidades. Lágrimas de emoção correram pelo rosto dela, depois de um longo beijo de amor.
A festa transcorreu normalmente até a madrugada dentro dos padrões estabelecidos para as formandas, expulsando de Josélia todo aquele sentimento triste que existia dentro dela, dando lugar ao que realmente queria, a satisfação de saber que amava e era amada. Gilson brincou com o amor, fazendo uma declaração pública com a participação das amigas, mas fez valer o seu verdadeiro desejo de amá-la para sempre. Todos sabiam da brincadeira, menos Josélia, que estranhou o “rompimento” inesperado, às vésperas da formatura.