...e assim se deu...
...um pai no alto dos seus 60 anos resolve plantar Tâmaras.
Um velho e respeitado ditado Árabe que diz:
-"Quem planta Tâmaras, não as colhe".
...
Isso, pois antigamente levava-se de 80 a 100 anos para poder haver colheita.
Sabendo disso e totalmente certo do que fazia, ele cultiva seu pomar com várias frutas ali plantadas e claro, as Tâmaras também.
Está ciente que as plantaria para que futuramente outros as usufruíssem, outros que nem mesmo seus filhos seriam e muito provavelmente, nem seus netos o fariam.
Todos os dias, antes do nascer do sol e antes que todos acordassem ele regava seu pomar e de suas incipientes plantinhas, rapidamente via o milagre do despontar dos brotos surgirem.
Eram morangos, laranjas, cerejas, acerolas, abacaxis e outras mais e claro, sabia que suas Tâmaras, obedeceriam ao "tempo de Deus".
Diferentemente como indagaram àquele Senhor há muito e muito tempo atrás, que não fosse bobo, pois estava plantando e nunca as colheria para comer.
Sabiamente ele responde a quem o perguntava, fazendo-lhe pouco caso:
-“Sei disso e pensando desta maneira como pensas, ninguém jamais poderia saborear este fruto, tão pouco existiriam”.
Sábia, linda e altruísta lição nos deu aquele simples homem no passado!
Pois bem, exatamente da mesma forma penso eu, diz este pai, ou seja, plantarei para que os 'meus' usufruam e essa será herança que os deixarei, como maior lição!
Não demora muito e sua saúde o debilita comprometendo e impossibilitando-o de acompanhar a evolução e crescimento de suas plantinhas, em seu pomar.
Mas, seus três filhos e sua esposa tomam para si e revezam- se nos cuidados com plantas, naquele lindo pomar a fim de valorizar todo esforço, carinho, dedicação e desprendimento do pai.
Munidos de conhecimentos tecnológicos modernos de fertilização em processo acelerado de crescimento, aplicam-nos, sem que o pai saiba evidentemente. Isso para que se abreviassem os anos e assim quem sabe, o querido pai pudesse ainda ver e comer suas Tâmaras, as Tâmaras de seu pomar.
Com todos os cuidados possíveis, aquele pai lutava contra uma doença degenerativa.
Seus movimentos totalmente comprometidos lhe privaram, de um modo penoso e lacerante, de até mesmo levantar-se de sua própria cama, num estado quase que vegetativo.
Embora fosse grave e irremediável, sua consciência era plena e reavivada pelos cuidados e carinho de seus filhos.
Quando bastante debilitado, depois de sofrer terrivelmente por quase oito anos, num certo dia adentraram em seu quarto, seus filhos e sua esposa com um enorme cesto repleto de frutas nas mãos, todas as frutas vistosas e as Tâmaras ao centro, a qual plantara com todo seu amor e abnegação.
Todos admirados, pois surprendemente as Tâmaras desenvolveram-se com mais rapidez do que o programado e conforme preconizava as técnicas de crescimento e maturação.
Não tenho dúvidas que houve ali a união de esforços dos filhos motivados pelo anseio fervoroso em premiar o amado e valoroso pai, por seu ato de nobreza e espírito elevado.
Ficou sem entender quando viu todas as frutas juntas e as suas Tâmaras.
Seus filhos garantem-no que são as suas..., então saboreia como nunca todas elas e como último gesto em vida segura nas mãos,
acariciando uma das Tâmaras de seu pomar, a fruta perfeita de Deus!
Que possamos por vezes pensar mais nos outros e no que seria mais importante:
-Fazer algo olhando para o próprio umbigo? Para o próprio bolso? Ou unir forças para que várias pessoas venham a beneficiar-se mais tarde de algo que você contribuiu direta ou indiretamente num dado momento.
Isso nada mais é do que o tal almejado e deveras complicado em se encontrar, o raro “ESPÍRITO ALTRUÍSTA”.