O soldado, lobo e a índia
Era uma vez um soldado que trocou a civilização por uma selva,
Pois, pela índia, filha do chefe, havia perdidamente se apaixonado!
Suas armas depostas, dantes o valoroso guerreiro da independência, tornou-se, pouco a pouco, o pajem da humilhação e dependência!
Onde sua farda e se orgulho repousavam, agora, apenas era um farrapo!
Um escárnio, no oculto e às claras, entre aqueles que ali o cercavam, aqueles que gritavam nas rodas, mas também os que tanto se expressavam como vozes do espírito!
Seu orgulho massacrado pelas sutis humilhações!
Suas habilidades obliteradas pelas emocionais dilacerações!
O orgulhoso lobo de batalha nada mais havia se tornado, do que um pobre cão enclausurado!
Que de latidos altos, cada vez mais baixos, ia dobrando as grandes patas pelas migalhas dos pães derramados!
E assim, da liberdade à prisão, da luz à escuridão,
Foi-se o guerreiro tornando-se cada vez mais submisso ao seu próprio tolo coração!
A pureza do seu coração, tornando-se um mar de terrível frustração!
E agora, porém, ficou-lhe, na ausência da esperança, apenas a liberdade ou a morte!
Porém, mesmo assim, sua índia, com toda alma, ainda a amava!
Mas, o Criador, certo que vê os caminhos dos maus e dos bons, ainda lhe mudaria a sorte!
Pois, num arremate da sua mão poderosa, a verdadeira mão do Criador,
Quebrou a prisão, com força estrondosa!
Então o cão voltou a ser lobo,
Levantou suas grandes patas,
Retornou aos seus olhos o orgulho,
E partiu com longas passadas!
Desta vez, porém, já não mais submisso ao estranho feitiço,
Deixou-se caminhar, mas foi seguido!
Aquela a quem amava, que tanto parecia desdenhá-lo sem perceber,
Que tanto parecia ignorá-lo sem assim querer!
Já não podia mais viver sem aquele soldado que por ela a si mesmo abdicou!
Por tanto, seguiu-o e, o amor, de novo floresceu!
E eles chegaram, em passos unidos junto à uma outra terra, onde o soldado,
Que já fora lobo, já fora cão, já fora escravo, mas tão pouco amado,
Tornou-se muito amado por sua índia e rei do seu próprio castelo!