Sílvia da esquerda e seu amor da direita ok
Aquela noite, ele parecia diferente, passou o dia distante ,não se falaram. Quando ela achou que o tempo estava se passando em demasia, ligou e ouviu aquela voz que amava mais que tudo no mundo. “ Estou indo para tua casa, janto contigo, tá?” Sílvia sorriu, mas era um sorriso irônico sabia o que esperar dele, haveria mais uma briga. Viviam nesse embate, nesse cabo de guerra há cinco anos, Luigi era um homem tradicional, o típico machista do século passado. Nunca entendeu como duas pessoas tão dispares foram se apaixonar: politicamente eram opostos, ela uma humanista da esquerda radical e ele um capitalista da direita linear. Luigi era um coroa lindo, tinha os cabelos grisalhos desalinhados como se tivesse andando ao vento, os olhos muitos verdes, um pouco tristes, olhos que doíam. Quando ele chegou, abraçou-o para sentir aquele perfume delicioso e para esquecer que teria ouvir novamente, o que não queria ouvir. Luigi a olhou docemente, disse de forma enfática e dura. “ Não suporto quando tu sais com tuas amigas sem dar explicações e sem hora, para voltar, já falei milhares de vezes, mulher minha não sai sozinha jamais”. Sílvia levantou os olhos escuros, faz um longo silêncio antes de falar, pois estava cansada de dizer a mesma coisa para ele. “ Amor, eu não tenho um senhor! Não sou um animalzinho que tu pões coleira e vai te seguir, docilmente. Sou um ser alforriado de cabrestos, ambígua e cheia de palavras não ditas, mais predisposta ao silêncio do que aos termos jogados ao vento! Então, por que queres me transformar num bibelô de estante, num bichinho de estimação? Não queiras me modificar, sou o que sou.” Ele riu de forma arrogante, como somente os machos seguros de si sabem sorrir e a beijou, indecentemente, esmagando a sua boca e ela pensou, “ maldito seja os homens gostosos”.
Marisa Piedras