Conversa de bar V
Conversa de bar V
A - Mudando de assunto, você vive fugindo de mim, não entendi porque me chamou pra beber hoje.
L - Pois é, Augusto, descobri que não vivo sem você.
A - Fico muito contente, mas, como assim, Laura?
L- Essa semana você não me mandou mensagem de bom dia, não me ligou com aquele papo aranha que eu odeio, não perguntou como foi meu dia trabalho, nem o que eu comi, nem como tava o meu dia. Aí percebi que eu gosto das suas chatices, que você é um grude e que eu, infelizmente, gosto.
A - Acho que depois dessas cinco cervejas você pode estar delirando. Mas realmente hoje você estava diferente desde a primeira. Atenta na conversa, feliz.
L - Mas fala, porque você resolveu não me importunar mais?
A - Eu estou achando que o grude é você. Só faz três dias que eu não te procuro. Não sabia que era carente desse jeito.
L - Olha aqui, o carente é você, e eu não vou ocupar o teu posto. Só senti uma coisa estranha, uma falta, um vazio.
A - Carente sim. E de mim.
L - Acho que eu bebi demais mesmo.
A - Já está mudando de opinião?
L -Pensando bem, acho que bebi pouco. Quem sabe mais alguns goles me façam mudar de opinião. Ou me façam dizer o que realmente sinto...
A - É um de seus problemas. Quando bebe, acha que a verdade aparece mais fácil, como se ela estivesse escondida dentro de simples garrafas, esperando o momento da ingestão alcóolica.
L - Para alguns, é o que acontece.
A - E para você, não?
L - Ás vezes. Mas eu sinto quando a verdade tem que aparecer. E a verdade apareceu nesses últimos dias.
A - E nos últimos meses, não tinha aparecido?
L - Apareceu meio sorrateira, de soslaio, depois se escondeu. E voltou algumas vezes, meio distante. Parece que é só comigo que isso acontece.
A - Não é verdade. Comigo acontece também. Quando ela apareceu pra você pela última vez?
L -Semana passada, quando estávamos dormindo juntos naquele sofá antigo da casa da sua avó.
A - O que você sentiu?
L - Vontade de te abraçar pra dormir.
A- A gente pode resolver isso hoje. Quer ir lá pra casa?
L- Você acha mesmo? E a nossa amizade de anos? Tenho medo da gente se confundir, se desgostar, você mudar...
A- É sempre um risco, mas a gente pode usar isso a nosso favor...Já que você não me acha tão chato assim.
L- E o que você sugere pra gente?
A- Amor.