MATIMBA

Certo dia ela percebeu que o sangue não lhe escorria mais, correu pra o lago e lá, mais uma vez, dançaram a dança da vida.

Matimba , assim escolheram o apelidar e inventaram que significava força. Outro dia ela entendeu que precisava de um ritual, que não sabia como faziam as mulheres da sua terra quando estavam naquele estado. Perguntou para o amigo, mas ele não tinha país, era um homem do mundo. Foi-se embora. Drofth era jovem, estudante e imigrante, não conhecia palavras para explicar à sua mãe o seu novo estado.

Outro dia o sangue escorreu. Louca, pegou no celular e quase ligou para a mãe. Queria saber que rituais faziam-se aos mortos, até que se apercebeu que tinha dado mais valor à morte, e não a vida. Voltou-se e decidiu inventar um ritual: uma rosa, alguns grãos de arroz. Foi ao lago. Jogou a rosa e, delicadamente, caiam-lhe das mãos os grãos de arroz enquanto contava está história ao filho que não conhecera. Pensou também em jogar-se, mas era inútil, pois sentiu que o sangue escorria lhe outra vez. Matimba, Drofth, Matimba.

Drofth Suhura ou Yanissa Khan
Enviado por Drofth Suhura ou Yanissa Khan em 01/05/2020
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