Saudade

E naquela noite eu só queria encontrá-lo. Sai com uma vontade, um desejo, uma saudade, e que naquela noite eu queria despertar novamente. Mesmo sendo inverno, não sentia frio, bem vestida e agasalhada, mas com um calor passeando pelo meu coração. Quase dois anos se passaram e um desejo insano gritando em meus olhos.

Pronto. Ali estava ele, andei em passos lentos, respirei fundo e ele sentado ao lado de conhecidos nosso, percebeu-me chegando, levantou-se e veio em minha direção. E com um abraço bem apertado, saudou-me com carinho. Ficamos abraçados uns dez segundos ao certo, e quando me soltei, ele me olhou com aqueles olhos cálidos e convidativos, fazendo-me entender de que podíamos mais do que apenas um abraço.

Não sei se estava certa de mim, pois eu saí com essa vontade, e às vezes quando queremos algo demais, passamos a enxergar coisas aonde não existem, mas para saber, eu teria que deixar a situação me conduzir para ver a possibilidade de acontecer.

Eu queria beijá-lo, não sei se estava sendo importuna, mas queria sentir seus lábios aos meus, beliscando-me, beijando-me, excitando-me. Eu o queria antes dele partir novamente.

Conversa ia e vinha, ele estava bebendo e me ofereceu a beber com ele. Logo topei, então começamos a beber como fazíamos de costume.

A noite estava maravilhosa, mesmo que eu não tivesse o beijo como recompensa, eu já estaria satisfeita só em vê-lo bem e feliz. Não apenas ele, mas nós dois.

Estávamos bem e parecíamos como antes, antes de namorar, lembrávamos de coisas em que fazíamos quando apenas éramos amigos. Na verdade, sempre fomos nunca deixamos de ser, e mesmo depois de tudo que aconteceu, continuamos sendo.

Não queria ir para casa cedo. Estava querendo ficar leve, lavar a alma e a mente das preocupações rotineiras, e a sua vinda estava me fazendo bem. Ele pegou mais uma garrafa, depois de outras que havíamos bebido. Disse que seria o último copo. A festa já estava acabando. O relógio marcava dez para ás três da manhã e todos já estavam se despedindo. Abracei-o e disse o quanto estava com saudade e como foi bom vê-lo. E antes de eu partir, ele me segurou e disse que iria me deixar em casa.

Caminhávamos em passos lentos, ele segurava minhas mãos enquanto eu suspeitava e tentava decifrar os códigos. Seus olhos brilhavam, seus cabelos balançavam, e eu o olhava por todo.

De repente, ele para e pede para que a gente sente em um banco que estávamos próximo. Ele sentou primeiro, e quando fui sentar ele segurou meu quadril, me posicionando frente a ele. Fiquei em pé. Ele começou a tratar de coisas importantes que até então não havíamos falado enquanto bebíamos. Falamos de nossas experiências e de tudo que ocorreu nesse tempo separados. Falamos de planos futuros, e rimos quando ele se lembrou da gente. Estava com dúvida. Eu não compreendia mais nada. O álcool não estava me deixando raciocinar direito. E já meio cansada de tanto falar, disse que queria ir para casa. Ele assentiu, e com um beijo na testa ele pausou seus olhos aos meus. Deu um sorriso tímido, e eu não sabia se era hora de beijá-lo, se este era o código. E parada sem entender, tive medo de arriscar, segurei suas mãos e ele me beijou.

Ficamos minutos entregues aquele beijo, aquele desejo, perdemos o fôlego. Suas mãos desciam sobre minhas pernas. Meus dedos se embolavam em seus cabelos, minha boca se perdia em seu rosto. Ele me puxava para ele, beijava meu pescoço provocando-me calor, mais calor do que eu já estava sentindo. E aos poucos foi soltando-me.

Sem saber o que falar, ele deu início à fala e disse:

- Nosso beijo continua o mesmo!

Eu sorri para ele. E em seguida, envolveu-me em seus braços dizendo o quanto gostava de mim e que a saudade chegou ao fim. Perplexa, ainda fiquei surpresa, porque de um beijo que apenas esperava, a saudade o trouxe para mim.

Marize Lisboa
Enviado por Marize Lisboa em 26/04/2020
Código do texto: T6929453
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