ANALICE, MEU PRIMEIRO AMOR

   Aqueles doces lábios me escravizaram por vários anos, Analice era um doce de pessoa, eu não conseguia enxergar nela um só defeito. Muito cortejada pelos rapazes da época não dava bola prá nenhum, mantinha uma pose firme no seu modo de pensar e agir. Tinha os cabelos loiros e curtos, andava com elegância e nem se preocupava com os olhares, muitos deles de inveja.

   Estudávamos no mesmo colégio que ficava nas proximidades de nossas casas, íamos aos mesmos bailes nos finais de semana, eu nem sabia a sua idade, ela fazia questão de esconder, mas eu calculei bem baseado na minha idade e terminei por descobrir alguns meses depois quando começamos a namorar, ela era um ano mais velha. Eu tinha completado 17 anos quando beijei aquela boca linda e carnuda, foi um verdadeiro presente de aniversário. Me lambuzei no batom dela, depois dessa investida eu desfilava com uma pontinha de arrogância diante dos amigos, mais meus do que dela, todos me olhavam com desdém e perguntavam como eu tinha conseguido, "com lábia" - respondia.

   Tudo transcorria às mil maravilhas, Analice me dava toda atenção, era uma dominadora cruel, mas eu já havia me acostumado com isso. Eu estava perdidamente apaixonado, era a primeira namorada fixa, também eu era muito novo para assumir um compromisso sério, nem trabalhava ainda, mas fui levando a sério.

Namoramos por cerca de pouco mais de um ano até o dia dela me comunicar que seus pais iriam morar em outro estado e bem distante, ele havia sido transferido no trabalho e isso me arrasou muito. Analice era uma moça que gostava de beijar, passávamos horas no jardim da casa dela em altos beijos, era uma delícia estar com ela, esquecia até do tempo e dos amigos, festinha só ia com ela, acabei me tornando seu escravo no amor.

Chegou o dia da partida, era final de ano, pelo menos seus pais deixaram ela terminar o ano letivo no colégio. Analice chorava muito junto de sua mãe, seu pai já tinha ido na frente no mês anterior, na rodoviária nos despedimos, ela ia fazer uma grande falta, mas o tempo me ajudou a esquecê-la. Nos correspondemos por cartas por algum tempo mas depois paramos, nunca mais tive notícias dela.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 21/04/2020
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