ROMPENDO LAÇOS
Uma forte chuva caia lá fora, o som estridente dos trovões tinia nos ouvidos, as árvores dançavam ao som do vento, insistentemente os raios cintilantes iluminavam a cidade. Era uma noite de tempestade. Uma daquelas noites em que o ser que é humano, se enterra dentro das profundezas mais recônditas da sua alma, enquanto escuta o doce e melodioso barulho da chuva no telhado.
Cloe estava ali, não apenas parada, mas estática bem no meio da sala, com um olhar profundamente perdido, rumo ao nada, se é que o nada existe. A noite estava muito fria, ela caminhou até o quarto, pegou o cobertor, pôs fogo na lareira e sentou em frente olhando as chamas crepitarem.
Imersa em uma profunda melancolia começou a rememorar o fim do seu casamento, não no exato momento em que Péricles fechou a porta pela última vez e saiu, mas desde o início do calvário que acarretou na ruptura total dos laços que os uniu por tanto tempo.
Com pesar ela relembrava as brigas, discussões, gritos vorazes, momentos de cólera, lágrimas incessantes, que foram ceifando dentro dela dia após dia o sentimento que os uniu e que há exatamente dezoito anos parecia tão sólido, tão indestrutível. A vida não é mesmo surpreendente? Pensava Cloe, com uma cortante amargura e arrependimento por ter permitido que sua filha de apenas três anos tivesse presenciado todas as aquelas cenas tão dantescas para a idade dela. “Ele não me merecia, ele não merecia a filha que tinha”, repetia incessantemente, como se quisesse gravar essa certeza em sua alma, em seu coração.
Cloe lembrava nitidamente das últimas conversas, das palavras que mais pareciam dardos lançados de um para o outro, das acusações de culpa, até o momento em que o silêncio se cristalizou entre eles e a distância que viviam dentro da mesma casa tornou-se insuportável. Era impossível continuar dividindo o mesmo teto. Eu não conseguiria mais sustentar aquela relação, pensava Cloe, era impraticável conviver com tanta indiferença, foi melhor assim, disse a si mesmo.
A última chama da lareira havia apagado e ela relembrou mais uma vez o exato momento em que ele disse adeus para sempre, rompendo os laços. Até sentiu os olhos marejarem, mas isso não lhe doeu mais, pelo contrário, ela sentiu uma estranha sensação de alivio e liberdade.
Cloe jogou água nas cinzas e naquela noite deitou ao lado de sua filha, ao som relaxante da chuva no telhado teve um momento epifânico e finalmente se deu conta que estava pronta para recomeçar. Envolveu Cecilia em seus braços e adormeceu ali mesmo.
Cloe estava ali, não apenas parada, mas estática bem no meio da sala, com um olhar profundamente perdido, rumo ao nada, se é que o nada existe. A noite estava muito fria, ela caminhou até o quarto, pegou o cobertor, pôs fogo na lareira e sentou em frente olhando as chamas crepitarem.
Imersa em uma profunda melancolia começou a rememorar o fim do seu casamento, não no exato momento em que Péricles fechou a porta pela última vez e saiu, mas desde o início do calvário que acarretou na ruptura total dos laços que os uniu por tanto tempo.
Com pesar ela relembrava as brigas, discussões, gritos vorazes, momentos de cólera, lágrimas incessantes, que foram ceifando dentro dela dia após dia o sentimento que os uniu e que há exatamente dezoito anos parecia tão sólido, tão indestrutível. A vida não é mesmo surpreendente? Pensava Cloe, com uma cortante amargura e arrependimento por ter permitido que sua filha de apenas três anos tivesse presenciado todas as aquelas cenas tão dantescas para a idade dela. “Ele não me merecia, ele não merecia a filha que tinha”, repetia incessantemente, como se quisesse gravar essa certeza em sua alma, em seu coração.
Cloe lembrava nitidamente das últimas conversas, das palavras que mais pareciam dardos lançados de um para o outro, das acusações de culpa, até o momento em que o silêncio se cristalizou entre eles e a distância que viviam dentro da mesma casa tornou-se insuportável. Era impossível continuar dividindo o mesmo teto. Eu não conseguiria mais sustentar aquela relação, pensava Cloe, era impraticável conviver com tanta indiferença, foi melhor assim, disse a si mesmo.
A última chama da lareira havia apagado e ela relembrou mais uma vez o exato momento em que ele disse adeus para sempre, rompendo os laços. Até sentiu os olhos marejarem, mas isso não lhe doeu mais, pelo contrário, ela sentiu uma estranha sensação de alivio e liberdade.
Cloe jogou água nas cinzas e naquela noite deitou ao lado de sua filha, ao som relaxante da chuva no telhado teve um momento epifânico e finalmente se deu conta que estava pronta para recomeçar. Envolveu Cecilia em seus braços e adormeceu ali mesmo.