VOCÊ FOI UMA FANTASIA EM MINHA VIDA (Parte 2/2)

(Antes de ler esta Parte 2/2 leia a Parte 1/2)

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   No terraço da nossa casa eu e Tina nos olhamos profundamente, ela demorou um pouco para expor o assunto que queria tratar comigo, eu já sabia que ela ia se referir ao nosso relacionamento, mas fiz de conta que nada sabia, na minha inocente expectativa eu imaginava que tudo poderia ser resolvido ali, que ela pudesse mudar de opinião e que ainda a nossa felicidade não fosse comprometida. Ledo engano o meu, ela foi taxativa e disse o que eu não gostaria de ouvir, para meu desespero falou que nunca gostou de mim e que esse casamento foi apenas uma forma de fugir de vários problemas que enfrentava em sua casa quando era solteira. As lágrimas verteram imediatamente de meus olhos, o meu mundo acabava de desmoronar, lá se foi a minha alegria de viver.

   Depois dessa conversa Tina pegou alguns pertences seus e colocou-os dentro de um veículo que chegou momentos depois, certamente ela já devia ter acertado para alguém vir buscá-la. Foi a noite mais triste da minha vida, nunca mais a vi e nem sei com quem ela está agora, mas a sua imagem permanece sempre em minha mente.

   A manhã estava tão bonita quando despertei ainda zonzo de tanto beber. Os cacos de vidro do copo que espatifou-se na noite anterior lá estavam no chão, a garrafa de whisky vazia em cima da mesa parecia me cumprimentar ou me incentivar a ser substituída por outra cheia. Olhei o retrato dela na parede, sorria para mim e pedia para que fosse até lá para beijá-la, coisa que sempre fazia. As lágrimas desciam com facilidade, no trabalho não conseguia me concentrar e via a hora perder o emprego.

   Os anos se passaram tão rapidamente que quase não percebia, a minha "companhia" desde então era uma garrafa de um bom whisky para afogar as mágoas, mas por incrível que pareça nunca consegui ter raiva de Maria Cristina, ela continuava sendo uma deusa na minha vida apesar de todo esse meu sofrimento, seu retrato na parede era como um bálsamo que me aliviava a alma.

   Janeiro de 2020, vejam quanto tempo se passou sem que nunca pudesse ver pelo menos a sua sombra. Setembro de 1976, essa data jamais será esquecida, foi quando nos unimos pelos laços do matrimônio e mesmo não durando muito representou como uma eternidade para mim, sua imagem continua viva em minha memória, daria tudo para vê-la pessoalmente e poder admirar a sua formosura, talvez o tempo não tenha modificado muito a sua beleza. São exatamente quarenta e quatro anos desde que se ausentou da minha vida, aparecendo apenas em sonhos para me alegrar e dizer que pretende voltar.

   Já percorri toda a cidade numa busca desenfreada por sua pessoa, nada consegui, as cidades vizinhas também visitei, porém sem sucesso, não para tê-la para mim, pois sei que está em outros braços, mas para saber que existe e ter a oportunidade de me ver, talvez isso possa despertar algum desejo em seu pensamento.