VOCÊ FOI UMA FANTASIA EM MINHA VIDA (Parte 1/2)
O copo de whisky escapuliu da minha mão e espatifou-se no chão, meus nervos estão a flor da pele. A garrafa do precioso líquido neste momento está vazia, tenho que sair em busca dessa "companhia" que se tornou indispensável, mas o corpo não oferece condições físicas, então é melhor deixá-lo na cama para aguardar a sua recuperação. Por enquanto fico aqui olhando para aquele retrato na parede, ele me dar um certo alívio nessa agonia constante que sinto.
Dezembro de 1973, estava no auge da minha adolescência, as farras eram intermináveis, as garotas eram companhias agradáveis, alguém deve lembrar dos "assustados" nos finais de semanas, festinhas organizadas em residências que reuniam a moçada em tempos que não se conhecia o celular. Bons tempos que deixaram saudades, trocaria toda essa tecnologia infernal por um bom papo tête a tête, pagaria qualquer valor.
Em um dia qualquer dessa época maravilhosa conheci Tina, foi como uma graça recebida do céu, fizemos uma amizade linda que se transformou em namoro, quando me dei conta estava perdidamente apaixonado, eu mesmo estranhei o meu comportamento, já não saía mais com os amigos e amigas, o que causou um certo reboliço, era de casa para o trabalho, do trabalho para casa e em seguida para a casa de Tina, eu não enxergava mais ninguém na minha frente a não ser essa namorada. Diziam até que eu só queria saber do "morredor" (a casa de Tina).
Tivemos alguns conflitos, coisas do amor, o que é natural, chegamos até a romper, mas fui humilde e procurei ela para uma conversa e reatamos. Tudo correu às mil maravilhas, até que noivamos e marcamos a data do casamento. Nos preparamos como todo casal apaixonado e montamos o nosso lar, a espera seria pouca, anunciamos para os amigos e ex-companheiros de farra, ficaram surpresos com a nossa decisão, afinal ainda éramos muito jovens, tínhamos muito tempo pela frente para aproveitarmos, mas preferimos fazer isso casados.
Setembro de 1976, fomos ao cartório e oficializamos a união, eu estava casado com Maria Cristina de papel passado, feliz como ninguém. O que mais me surpreendeu nesse dia foi o beijo de Tina em plena rua na frente de todo mundo, eu realmente adorava essa menina, nenhuma outra garota a substituiria.
Os seis primeiros meses de casamento foram maravilhosos, daí em diante alguma coisa mudou em Tina e eu não sabia do que se tratava. Perguntava e ela não se abria de jeito nenhum, o que me deixava preocupado. Levei-a para jantar inúmeras vezes, lhe fazia todos os mimos, agradava com presentes, porém uma cortina de dúvida pairava sobre ela e eu tentava de tudo para descobrir esse mistério. Ela já não era a mesma na cama, demonstrava um prazer praticamente mecânico e isso me deixava transtornado, no entanto me sentia feliz por estar ao seu lado.
Um grande amigo meu me fez uma confidência que me deixou aterrorizado, foi assim que me senti. Me falou com toda sinceridade que minha esposa nutria um grande amor por outro homem, só não me disse com quem para evitar um problema maior. Na verdade eu estava sendo traído e isso foi como se o mundo desabasse, me senti a tristeza em pessoa. Nem tive coragem de tentar debater esse problema com Tina, eu a amava muito e não queria que esse casamento chegasse ao fim. Chegando em casa depois do trabalho me comportei como se nada estivesse acontecendo, ela me abraçou normalmente (sem beijo) e deixou que tomasse meu banho. Jantamos tranqüilamente e depois de algum tempo anunciou que queria falar seriamente comigo. Procurei terra nos pés e não encontrei, o coração acelerou e tremendo como vara verde fui até o terraço onde se iniciou o meu martírio.
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(Prezado leitor, aguarde a segunda e última parte desta história que será publicada nos próximos dias)