Encontro inesperado no carnaval
Era o terceiro dia de carnaval e ele estava bem desanimado. Sentia- se deslocado e como sempre vazio. Suspirou e virou a última garrafa de long neck.
Balançou a cabeça. Chega!! Ficar em casa não ajudaria nada.
Foi para o banheiro, tomou um banho se vestiu e saiu de casa.
Andou sem rumo, percebeu- se entrando no metrô.
Pessoas felizes, iam pra blocos, festas e aproveitar o carnaval. Ele também mas não estava animado. Apenas não ficaria casa.
Quando caminhou pelas ruas do centro o arrependimento acertou- o em cheio. Outras pessoas felizes, bêbadas, caídas, vomitando e cambaleando. Pensou em voltar.
De repente cai uma chuva forte e ele corre para se abrigar. Protegido da chuva fica parado olhando a multidão que dançava sob a chuva.
Repentinamente foi como se o tempo parasse. Foi como um chamado que o fez olhar para o lado e ver aquela índia... não, aquela afro índia...ficou sem ar, coração acelerado os olhos paralisados naquela mulher.
Linda como Potira, forte como a guerreia Dandara andava como se pisasse nas nuvens, os olhos ressaltados pela maquiagem. O olhar era firme determinante e lindo. Eu estava olhando, hipnotizado. Ela abriu o sorriso e foi como se o sol surgisse no meio da chuva e me iluminasse. Senti o coração quente e parar. Ela se aproximou e sua boca dourada sussurrou...
Não ouvi, não pensei nada o que eu precisava era daquela boca na minha. Eu a beijei. Ela não recuou.
O beijo foi uma explosão, senti o chão desaparecer sob os pés, o calor do seu corpo ao meu, a língua quente e úmida me mostrava a verdade...
Ela era o motivo de eu ter saído de casa e enfrentar o carnaval, aquele beijo, aquele abraço. Aquela índia teve o poder de me levar até ali e alimentar minha vontade, meu corpo...perdido eu estava e me encontrei ali naquele beijo...naquele breve momento que virou uma eternidade.