Era uma vez, uma música.
Era uma vez uma música. Quando a ouvi pela primeira vez no rádio, nem prestei atenção. Na segunda vez que ouvi, achei chatinha, sem graça. Alguns dias depois depois quando a ouvi de novo, troquei de estação antes dela terminar de tocar, pois estava me incomodando. Semanas depois, uma amiga fez com que eu a ouvisse novamente com ela, pois gostava da música. Dessa vez ela não me incomodou, mas achei-a comum demais, trivial.
Fiquei sem ouví-la por meses e meses, enquanto ouvia apenas canções que me faziam chorar. E em um dia, tão frio e tão triste, deitei-me em minha cama enquanto músicas sem nenhum sentido entravam em meus ouvidos. Fechei meus olhos e entrei em meu mundo, quando aquela música me veio a mente de repente. Resolvi dar-lhe uma segunda chance e pela primeira vez eu realmente a ouvi. Deixei que penetrasse em meus ouvidos e pele, e me arrepiei. A senti tão profunda em meu peito, e ela tocou-me a alma, forte, marcante, e ao mesmo tempo delicada. E então eu me apaixonei, e me entreguei àquela melodia que se transformou em minha trilha sonora. Com sua ajuda, compus outras pequenas e lindas canções, e por muito tempo os versos daquela música me fizeram feliz. Ano após ano. Até que ela ficou antiga, e já não tinha mais a mesma nitidez sonora. E quando menos esperei, ela sumiu da rádio. Porém eu guardei sua melodia em um local seguro do meu coração, onde eu e ela ainda podemos ser felizes e ela tocará eternamente.