"Flor de Lis" do Djavan
A Maria sempre foi uma mulher esquentada. Seus pais vieram do nordeste, lá do interior do Ceará, sua família se mudou para São Paulo quando ela tinha três anos e tinha um cachorro chamado “Ulisses”.
Filha de um entregador de jornal e de uma manicure, Maria aos catorze anos começou o ensino médio e logo se apaixonou por um sambista. Nos intervalos do colégio, o rapaz pegava seu violão, sentava-se no pátio da escola e cantava para todos ouvirem, principalmente a Maria. Encantado com a beleza, chamava-a de Flor de Lis, pois seus cabelos lembravam a flor, eram encaracolados e curtos. E um dia, a chamou para sair.
Foi na praia, de manhãzinha cedo, Maria chegou com seu vestido de bolinhas e o rapaz de bermuda e camisa, segurando seu violão. Sorriu para Maria e ela se deixou levar pelos hormônios que aquele bendito sorriso lhe causava.
- Ai, menino, tu não pode me deixar toda maluquinha. - dizia sorrindo.
- Valei-me Deus, Maria, me perdoe, mas eu só sei que amei te ver.
Os dois riram e timidamente se abraçaram. E o amor deles, ali na poeira, se encontrou perfeitamente.