Pequenas histórias 191
O Incurável Parte I
Entre pétalas de margaridas ele acordou e sorriu vislumbrando a magia da natureza operando em todos os seres.
Então levantou-se entusiasmado com todo aquele perfume que as flores exalavam e feito criança corria, maravilhado com tanta beleza.
Quando menos percebeu, pisou num buraco, tropeçou em uma pedra áspera e caiu num abismo escuro, quando ia chegar à rasa água que no final se encontrava, acordou do sonho que como sua vida simples pobre e fedorenta, repentinamente tomou um soco na cara ao se deparar com a cruel realidade que tinha como vida.
Olhou para seus poucos pertences que ainda lhe restavam, debaixo daquele velho viaduto. Pensou:
"Quanto tempo dormi? Ah o que importa, gostaria de não mais acordar."
Virou-se pro outro lado e dormiu novamente.
Jean de Queiroz
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Dormiu. Dormiu não como queria, mas como o corpo cansado exigiu que ele dormisse.
Dormiu e não sonhou os sonhos que vinha sonhando com flores perfumes correria e abismos.
Dormiu um dormir quieto de pobre andarilho de sonhos não realizados.
As pedras ásperas da vida caem-lhe perigosamente toda vez que encontrava os olhos dela no meio da multidão.
Vivia procurando encontrá-la assim de repente sem mais nem menos e quando esse dia acontecesse sorriria o mais lindo sorriso e a conquistaria para sempre.
Esse era o seu sonho.
Esse era o seu sonho de todos os dias ou noites o que para ele não fazia diferença nenhuma.
Dormiu não como queria, mas como o seu sonho lhe exigia que dormisse.
E no outro dia encontrou assim de repente com ela e sorriu o mais lindo sorriso desdentado que podia oferecer.
Ingrata não lhe agradeceu, virou-lhe as costas e novamente sumiu no meio da multidão.
Não se decepcionou ainda a tinha dentro dos seus sonhos.
Dormiu não como queria, mas como o sorriso da noite o cobria com o manto das estrelas.