Veneno de amor
Tudo nele era extremamente convidativo, a cada passo que dava para mais perto de mim, me deixava ainda mais hipnotizada. Sua voz me envolvia e eu não conseguia de fato prestar atenção nas palavras, somente nos movimentos de sua boca. Entre os dedos trazia um cigarro que tragava de tempo em tempo, soltando a fumaça pra cima e se perdia um pouco a olha-la. Então, no intervalo de suas tragadas, ele deu um passo, me ofereceu o cigarro com um sorriso de brinde e aceitei desta vez dando o passo eu mesma. Puxei aquele pedaço de veneno e segurei um pouco a fumaça quando notei que ele fazia o mesmo, então com uma sincronia perfeita, soltamos juntos aquela nuvem cinza entre nós.
Foi como um sinal verde para os dois e naquele instante nossos lábios se encontraram, nossas bocas se completaram e nossas línguas dançaram um passo antigo e ja conhecido, mas a muito não praticado. Aquelas bocas ja se conheciam e ali matavamos toda a saudade que existia. Quando o beijo se tornou intenso ao ponto de precisarem parar pra respirar, não nos soltamos, mas recuamos e nos olhamos com todo aquele sentimento transbordando e na minha cabeça só uma frase se repetia "Veneno por veneno, eu escolho o amor, escolho amar você".