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Naquela noite Claudio não saiu de casa. Assistiu ao jornal nacional com a mãe. Quando a abertura da novela Mandala* começou, ele deu boa noite para sua mãe e foi para seu quarto, se recostou a cabeceira da cama, pegou o livro que estava a cabeceira e começou a ler. Leu vários capítulos sem parar. Já passava da meia noite, é nada do sono vir. Ele devolveu o livro ao criado e foi a cozinha. Aqueceu um pouco de leite e tomou. Sentado à mesa ele começou a pensar em Celia servindo as mesas na boate e levando cantada dos bêbados, velhos tarados que frequentavam o ambiente. Seu sangue ferveu, em visualizar as cenas em sua mente. Se ele fosse firmar o relacionamento com Célia, ela teria que sair do trabalho.
           
Pôs o copo sobre a pia e voltou para o quarto. Com o tempo, seus pensamentos se aplacaram, ele adormeceu.
 
           

Cláudio acordou com o cheiro do café invadindo seu quarto. Olhou ao relógio sobre o criado mudo, era 5;40. Levantou devagar e sentou-se a beira da cama. Passou as mãos sobre os cabelos, foi a contragosto para o banheiro, pois ainda estava sonolento. Deixou o pijama cair ao chão, entre a pia e a bacia. Ligou o chuveiro e antes mesmo da água estar quente, ele enfiou a cabeça sob a água fria. Tomou um banho demorado. Vestiu roupas próprias para o campo. Botas de cano curto, jeans, camisa de manga comprida e chapéu de caubóy.
           
Ao adentrar a cozinha, sua mãe já estava sentada a mesa, tomando café.
           
- Sua benção mãe.
           
- Deus que te abençoe. Por que se levantou tão cedo? Vi que perdeu o sono essa noite, por que não ficou na cama um pouco mais?
           
Cláudio não disse nada, apenas se serviu de café e tomou um gole.
           
- Desculpe me meter, mas, creio que você perdeu o sono por causa da Célia.
           
- Nada escapa a senhora em dona Hérnia! Mas a senhora está certa, fiquei um pouco pensativo essa noite.
           
- Você estár gostando dela, e ela também parece estar gostando de você, se vê no olhar. Apesar de já ter duas crianças, ela é uma boa moça. Tem vivência, não é como aquelas biscate que você andava enrabichado, que só estavam atrás de boa vida, de alguém para bancar os caprichos delas.
           
- Mas a Célia não é quem você está pensando...

- E no que eu estou pensando? Eu sei que ela é batalhadora e da um duro para sustentar as filhas... filho me deixa te dizer uma coisa que você não sabe. Quando seu pai me conheceu, eu e seu pai fomos muito felizes, nos poucos anos que vivemos juntos, que deus o tenha em sua gloria, mas, eu era uma moça desgraçada, já tinha abortado um filho, eu não tinha esperança de ser feliz na vida. Na minha época, uma moça que não era mais pura, que não era mais virgem, era uma desgraça para os pais, nenhum rapaz de bem queria uma moça assim para casar... seu pai, passou por cima de tudo isso e me escolheu para ser sua esposa, mãe de seus filhos. Deus nos deu apenas você, e levou seu pai muito cedo.

- Mãe, eu não sabia disso.
       
- Filho, não é todo dia que uma mãe fica falando de suas confidencias ao filho. O que quero dizer é que se é a Célia que vai te fazer feliz, você tem meu apoio, até porque ela me contou tudo sobre a vida dela.

- Até que ela...

- Sim, que ela foi abandonada pelo marida e, que trabalha na boate, servindo as mesas em troca de gorjetas e cento e cinquenta mil cruzados por fim de sema.

Cláudio se levantou foi até a sua mãe, a abraçou e lhe deu um beijo na bochecha.

- Obrigado mãe, por me conta sobre seu passado e por seu apoio.

 Voltou ao seu lugar, pegou um pedaço de queijo e comeu com café. Ao sair da mesa ele disse.

- Hoje vamos sair mais tarde, umas 7:30, vamos passar à casa da Célia para ver se ela quer ir conosco a fazenda.

- Está bem, não esqueça que temos que passar ao mercado para levar as compras do caseiro.


- Está bem, na inda vamos passar ao mercado Monte Azul, lá tem tudo.

*Mandala e uma telenovela brasileira que foi produzida pela Rede Globo e exibida de 12 de outubro de 1987 a 14 de maio de 1988, em 185 capítulos.

Continua...
Felipe Felix
Enviado por Felipe Felix em 21/02/2020
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6871041
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