166 - Cento e Sessenta e Seis
Quando casaram a roupa era a de todos os dias, o coração não. Ninguém da família assistiu e as testemunhas foram angariadas na rua a esmo. A seguir às juras, cada um regressou a sua casa como se nada de especial se tivesse passado. Colocou o caldo ao Pai, serviu a Mãe e o irmão mais novo, lavou a louça, areou as panelas, alimentou o cão. Quando por fim se recolheu ardia-lhe o peito de uma ternura nova, de um fogo que a faria aguardar pelo sono enquanto sonhava. No dedo a aliança em que ninguém reparou. Ninguém reparava nela o que quer que fosse. Um dia contaria, sairia daquela para a sua casa, estaria mais forte para dizer-lhes que fizera tudo para lhes ser fiel e não bastara, não chegou para que aceitassem o homem que amava como novo membro da família. Ficariam os dois longe para serem um como sentia que seriam.