The Love Between Us: 31- Arthur
Arthur apareceu sem ser esperado, mas assim que decidi mantê-lo comigo, ele se tornou muito desejado. Minha mãe disse ter sido um milagre, pois sempre falei não querer filhos ou casamento, meu irmão adorou a ideia de ser tio e os familiares do Tom não podiam estar mais felizes.
Eu mesma estava achando a gravidez muito divertida, afinal nada de menstruação e as pessoas ao meu redor se tornaram cada dia mais solícitas.
Tirando os momentos de ausência do Tom (que tinha vários contratos fechados de antes da gravidez), tudo corria muito bem. Os pais dele, as irmãs, meus amigos, todos vinham me ajudando muito e até o Slash se tornou mais protetor. Então quando aquela garota maluca apareceu, eu senti meu corpo inteiro tremer temendo perder o meu filho. Perder toda a felicidade que havia surgido sem ter sido prenunciada.
Se não fosse pelo Slash, ela teria conseguido não apenas matar o Arthur, mas a mim também. Ele pulou nela segundos antes do disparo. Com o susto acabei caindo da escada e acordei dias depois no hospital.
Paparazzis ouviram o barulho do tiro e chamaram a polícia. Matt que ia buscar o Slash pra passear foi quem o levou para o hospital veterinário, enquanto o Colin (ele sempre aparecia pra me vê antes de seguir pra revista) me acompanhou na ambulância.
Alguém segurava minha mão quando acordei dois dias depois. Porém não se tratava do Tom.
-Hey, você acordou. Como se sente? Não, espera, eu vou chamar a Ray.
Colin correu pra fora do quarto.
Ele não sabia que era só apertar o botão?
Desci a mão pela minha barriga e senti pontos. Ray me contou da cesariana de emergência; de terem retirado estilhaços de bala do meu abdome. Colin falou sobre o Slash ter feito cirurgias, mas se encontrava estável. Estava tão confusa, eu não lembrava de muito. Pedi para ir até o Arthur e ele me parecia mais frágil que todos os outros bebês ali. Ele era tão pequeno e já tinha tantos fios e tubos enfiados nele.
Fiquei quase 48 horas sem sair do lado da incubadora neonatal, só aí o Tom apareceu. Ele não veio com uma desculpa nem nada, apenas queria ver o filho, me fazer tomar um banho e descansar.
Logo quando terminei o banho tive uma sensação estranha. Um frio... Um aperto... Não sei como descrever, mas apenas coloquei um roupão e corri para o berçário. De alguma forma eu sabia. Vi médicos correndo com a incubadora para o centro cirúrgico, os braços do Colin me parando antes de chegar a porta e o Tom saindo com lágrimas por todo o rosto. Foi quando desmaiei.
Dessa vez não demorei a recobrar a consciência. Eles estava morto. Eu não conseguia dizer nada, não saia lágrimas, nem mesmo quando ouvia as enfermeiras falando como o Arthur parecia ter apenas esperado o pai. Ficar nos braços do pai por pelo menos uma vez antes de partir.
Uma sensação de dormência passou a me acompanhar. Os pais do Tom cuidaram dos preparativos de velório e essas coisas, mas eu não saía da cama. Não conseguia nem identificar quem passava pelo quarto ou me ajudava a ir ao banheiro. Após uma semana perguntei sobre o Slash para o Matt. Meu pobre cachorro ainda se recuperava e eu nem tinha forças pra ir vê-lo.
Foi quando decidi parar. Levantei, tomei um banho e fui visitar meu cachorro. Colin (que não saia da minha casa) me acompanhou, falei com o Matt para cuidar do Slash e liguei para a Vi.
-O trabalho pode esperar. – Disse ela.
-Vi, eu preciso cair fora daqui. Não sei por quanto tempo.
-Você sabe o que penso: pare de fugir. Megan, você passou por algo muito pesado e deveria conversar com algum profissional.
-Vou ficar bem. Apenas me mande algumas pautas simples.
Em um primeiro momento, eu pensei em ir direto pro Brasil, porém Colin estava ouvindo. Ele pensou que aquela seria a oportunidade perfeita para unir o útil ao agradável, pois teria companhia para visitar o pai e me ajudaria a passar um período longe de Londres.
Eu fugi, de novo, mas dessa vez não foi exatamente do Tom. Foi de tudo. Do sufocamento, da inercia, indiferença, entorpecimento... De mim. Da culpa. Quero dizer, eu disse por tantas vezes que não o queria que o Arthur foi tirado de mim.
Enfim, estava de volta a Londes e a confusão já fazia parte dos meus dias novamente. A tentativa de me ajudar apenas colocou o Colin em uma situação horrível. Ele vinha saindo com a Ray, no entanto viajou por meses com uma amiga muito próxima e quando chegou beijou essa amiga na frente de paparazzis. Imaginem como a Ray estava.
Do meu quarto conseguia ouvir a briga, por pensar estarem no quarto dela, eu decidi ir pra cozinha, entretanto ao descer as escadas percebi que estavam na sala. Na verdade, nem estavam sozinhos.
-Eu estava apenas tentando ajudar. Mudar o foco das perguntas...
-Beijando a minha melhor amiga? Você é realmente um gênio, Colin.
-Eu sou mesmo a sua melhor amiga?
Em parte eu queria acabar com a discussão colocando um certo humor, mas com um pouco de medo de levar uma enorme patada.
-Agora não, Megan. Lido com você depois.
-Lida? Agora eu vi. Escuta aqui, Ray. Recebi uma enxurrada de perguntas sobre um assunto que não quero mais ouvir falar, o Colin de um jeito bizarro me ajudou a sair dali. Eu estou com raiva dele por ter sido tão imbecil, mas não me ponha no meio dessa briga de casal.
-Aconteceu algo nessa viagem de vocês?
-Só pode ser um pesadelo. Eu vou pegar uma bebida e sentar ali no sofá. Quando essas ‘nóias’ todas acabarem, vai lá falar comigo.
-Por isso não namoro. – A Grace falou sem pensar muito antes.
-Sério?
-Não foi o que quis dizer... Oh merda!
Uma Lisa chateadíssima se juntou a mim no sofá. Carl tentava escolher uma pizza com o marido quando a campainha tocou. Matt foi atender. Para a surpresa de todos, e o fim das discussões de casal, um Tom bastante bêbado entrava pela sala.