Uma sábia decisão

Ela acordava todos os dias para ir trabalhar. Voltava ao entardecer para casa, onde morava com os pais.

Durante um bom tempo sua vida foi se dedicar ao trabalho, aos estudos, à família. Ela estava feliz.

Mas sentia que faltava algo mais em sua vida. Talvez se sentisse sozinha, e pensando nisso decidiu que um relacionamento amoroso pudesse deixar seu mundo mais alegre.

Foi com este propósito que conheceu Vicente, um rapaz que parecia ser educado, bondoso e cavalheiro.

Começaram a namorar, e então tudo parecia perfeito. Assim realmente foi por alguns poucos meses.

Foi quando ela começou a perceber detalhes no comportamento de Vicente que a deixaram confusa e reflexiva.

No início foram formas muito sutis de desmerecê-la, de fazê-la se sentir inferior.

Mas ela estava tão feliz com o novo relacionamento, que fingiu que aquilo era normal, que era apenas o jeito dele, e que ela saberia lidar com isso.

Um dia, ela teve um atrito com seu pai, e então resolveu sair de casa.

Como não havia ainda se preparado para morar sozinha, Vicente a convidou para morar com ele.

Ela sentia que talvez não fosse a melhor decisão a tomar, mas decidiu aceitar o convite, sobretudo porque a briga com o pai tornara o ambiente hostil para continuar morando com sua família.

Já nos primeiros dias após morar com o namorado, ela percebeu o tratamento rude que ele começara a dirigir cada vez mais frequentemente a ela.

Entretanto, ela acreditava que fosse apenas o jeito impaciente dele de ser, e resolveu tentar mais um pouco.

Com o tempo, as coisas ficaram mais graves. Ele passou a controlar o dinheiro dela, o modo dela trabalhar, de pensar, o jeito dela de ser. Foi quando o relacionamento realmente começou a ficar difícil.

Ela cogitou voltar a morar com os pais, mas de fato seu relacionamento com o pai ainda continuava difícil, de modo que a solução para o problema não era voltar a morar com sua família, pelo menos não naquele momento.

Percebendo que a cada dia acordava mais triste com o modo como era tratada por Vicente, ela sentiu que precisava agir para que as coisas não piorassem.

Falar com ele não adiantaria, pois inúmeras vezes ela tentou mudá-lo e não conseguiu. Pelo contrário, as coisas só pioravam.

Foi então que ela tomou uma decisão. Fugiu. Não para voltar a morar com seus pais. Mas fugiu de tudo e de todos.

Não disse para onde ia. Quem realmente se importaria? Ela estava sozinha, somente ela e sua vontade de ter uma vida melhor.

Fugiu para sempre, para nunca mais voltar. Fugiu para encontrar a si própria, cuja essência e identidade há muito havia perdido na infelicidade em que vivia.

Adriane Oliveira
Enviado por Adriane Oliveira em 06/02/2020
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