Preciso partir

Ela abriu os olhos e chamou-me. Levantei-me da cadeira e encostei minha testa na dela, sorrindo. Sorriu-me de volta, docemente. Suspirou. Ouvi o chiado de seu peito, forçando-se para falar:

— Você me perdoa? Por tudo?

— Não tenho o que perdoar. Sei que tudo o que a senhora fez foi pelo meu bem. Ele tinha condições de ficar comigo…

Ela tossiu e segurou minha mão.

— Será que você pode me chamar de…

— Mãe.

— Ah… é tão bom ouvir…

Ela fechou os olhos, saboreando o som da minha voz e, nunca mais os abriu.