Enquanto eu te observava partir

Amor, enquanto eu te observava partir, sentia o peso das lágrimas, que me partiam também. Eu sei que não fui a melhor pessoa, te deixei cantarolar melodias que escreveu enquanto encostava o ouvido em meu coração, mas não dei atenção, me fiz de surda. Passei direto no corredor de sentimentos, onde em cada parede, pendurou nossas fotos, em moldes feitos por você, detalhados em ouro fino de amor. Amor, eu não valorizei o seu sorriso, aquele que dava quando, de longe, me via chegar ao seu encontro. Fechei o rosto, escondi os dentes, não fui presente nos nossos calorosos abraços. Hoje é o último dia do ano, mas todos os dias tem sido como último desde que foi embora, pois, nem um dia tem sentido, as horas não rodam quando não está aqui. Amor, enquanto eu te observava partir, sentia o peso das lágrimas, que me partiam também. Me vi com tantas mensagens novas, rostos me rodeando para tomar o seu lugar, mas vomito em cada palavra digitada a eles, não me sinto de mais ninguém desde que te vi sair pela porta. Eu desejei todos os dias não ter acordado na manhã em que terminamos, desejei ter dormido mais, ter passado mal, não ter ido trabalhar. Desejei ter estado ao seu lado, entrelaçando meus dedos aos seus, fazendo cafuné no seu cabelo, e tirando outra foto sem perceber. Amor, enquanto eu te observava partir, sentia o peso das lágrimas, que me partiam também. Agora vivo em duas, casal de uma pessoa só, acompanhada pela minha própria pessoa, sozinha, por não saber dar valor a quem me acompanhava.

Bianca Batista
Enviado por Bianca Batista em 31/01/2020
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