O homem da esquina
Havia um homem que sempre ficava na esquina, próxima à Igreja Matriz. Não era de falar, nem de olhar, nem ouvir a conversa dos outros. Ele assobiava.
Quem passasse pela rua principal da cidadezinha, cruzando com a casa de Dona Laura, avistava-o. Fizesse bom dia de sol, podia-se ouvir a melodia dos assobios.
Todos os moradores do lugar já o conheciam. Era de saber público que o homem sentava-se logo cedo num banco que havia na calçada da casa. E vez por outra, alguns transeuntes ficavam por ali admirando-lhe os concertos dos assobios.
Também se sabe que Dona Laura já está na eternidade.
O homem, seu amado esposo, faz-lhe canções de amor. E sei bem como é: ele a ama tanto que ainda hoje a vê, sentada ao lado dele, ouvindo-o assobiar.