O GRITO DA LIBERDADE

O GRITO DA LIBERDADE

Frio. Pensamento triste. Nada pra fazer. Ela queria simplesmente colorir sua vida. Não com as cores do faz-de-conta, mas com as cores do amor. Mas não conseguia ouvir o aviso da felicidade naquela tarde cinzenta. O cinza da poluição da grande cidade, muitas indústrias, muitos carros, muito barulho, muita chuva... Caos total! O barulho do mundo lá fora não pede licença... Invade o quarto dela. Sozinha, sem amor, vida estagnada. Pensava que iria enlouquecer. Abriu a janela do quarto e resolveu gritar para espantar o tédio. Só ela mesma que ouviu o próprio grito de liberdade. E por falar nisso: um beija-flor chega para visitá-la.

O seu grito de liberdade atraiu o pássaro.

Ela molhou o rosto na chuva, veio a vontade de sorrir do nada. Naquele instante, nem o barulho ensurdecedor das ruas lhe deixou estressada.

Resolveu passar sua vida a limpo, parou de se isolar do mundo. Foi passear, fazer uma caminhada no bosque nas imediações do edifício onde morava.

Ela era infeliz porque exigia perfeição de todas as pessoas. Costumava dizer que as pessoas tinham de ser perfeitas como as flores, como o canto dos pássaros, como a chuva que alegra as plantas. E foi vivendo sua vida baseada nesta filosofia. Proibia os outros de verem os seus erros. Ela errava, mas queria passar uma imagem de mulher perfeita. E com isso, foi só se afundando, foi sendo excluída das amizades, namoros que eram mal-sucedidos por conta dessa neurose... Enfim! Solidão, desencontro com a vida.

Ela só se vestia de preto... Luto! Decepcionada com as pessoas que não correspondiam suas expectativas.

Desde que saiu do interior pacato onde morava pra cursar Direito na grande cidade, a jovem foi vencendo suas lutas internas. Era mimada pelos pais, que trabalhavam de caseiros numa fazenda.

Foi morar sozinha, e todas as noites chorava com saudades dos pais.

Seus olhos ardiam de tanto mergulhar nos livros. Ela se cobrava muito, era muito exigente. Aliás em tudo. Era vista como chatinha, perfeccionista.

Mas naquela tarde cinzenta resolveu se cobrar menos, parou para observar os pequenos detalhes da vida, a alegria de um simples erro inocente de quem quer acertar... O erro que faz acabar com a monotonia da vida. Porque quem insiste para achar a saída para a felicidade, as vezes tropeça. E vai aprendendo a se levantar. E a perfeição da vida está em aprender a se levantar para alçar um lindo vôo assim como o beija-flor, assim como o amor que faz a alma voar , que alimenta a alma. Alma forte, pronta para aprender o que é a vida. A vida é um eterno aprendizado, a cada dia aprendemos a amar e damos mais um passo até o céu infinito do amor. Este céu infinito tão perfumado quanto o bosque florido. Cheio de cor, cheio de vida bem longe do mundo cinzento que ignora, que despreza e que exige perfeição.

( Autor: Poeta Alexsandre Soares de Lima)

Poeta Alexsandre Soares
Enviado por Poeta Alexsandre Soares em 06/01/2020
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