The Love Between Us: 30- Viagem quase sem fim

Aquela ânsia de crescer, casar e ter filhos nunca me acompanhou. Eu sempre gostei de estar onde estou. Sempre aproveitei a vida da forma que me sentia melhor. Nem sempre isso me deixava em um lugar seguro financeiramente ou verdadeiramente feliz, mas como uma amiga disse certa vez: sou o que sinto. Se sinto que devo fazer algo, até posso me arrepender de não ter feito, porém jamais me arrependerei de ter tentado.

Depois de formada me vi presa em um trabalho que me dava a sensação de sufocamento, por isso decidi buscar por algo mais satisfatório. De início não foi uma boa ideia, ficar desempregada e voltar a depender da família nunca é algo divertido, porém após perceber o quanto escrever me fazia feliz e o quanto nunca me senti pertencente a lugar nenhum, eu decidi voltar ao emprego sufocante.

Foi uma decisão infernal, no entanto ela me trouxe ao dia de hoje: morando em Londres, trabalhando em uma revista e com uma editora interessada no meu primeiro livro.

Mas hoje, hoje mesmo, eu estou em Chicago visitando a nova casa (ainda sendo finalizada) do pai do meu melhor amigo. Vivendo o período maior prisão e sufocamento da minha vida inteira.

-Você gostou? – A voz do Sr. George soou logo atrás de mim. Eu tive de olhar para o alto, pois me encontrava dentro da piscina vazia. Não me perguntem o motivo.

-É um lugar muito bonito. – Falei sorrindo.

-Você está bem?

-Sim. – Minha resposta foi imediata, quase automática.

-Obrigado por ter vindo com o meu filho. Duvido muito que ele faria essa viagem sozinho.

-Não agradeça. Foi mais por egoísmo do que por companheirismo.

-Soube sobre o seu bebê... Eu sinto muito.

Tive de limpar a garganta três vezes antes de responder e torci para não ter sido perceptível.

-Está tudo bem.

-Quer saber um segredo? Você é uma péssima mentirosa.

-Isso não é nenhum segredo, Sr. George.

***

Ao cair a noite, Colin e eu decidimos continuar na casa. Bebíamos sentados de frente um para o outro, encostados em cada lado da parede da piscina.

-Se sente preparada para voltar segunda?

-Colin, amanhã eu vou pra casa.

-O que? Adiantou a passagem sem mim?

-Não vou pra Londres. Vou pra casa. Brasil.

-Vou com você.

-Suas férias terminam nesse fim de semana. Vai ser demitido se não voltar.

-Não me importo.

-Deixa de ser doido, Colin.

Ele levantou vindo sentar do meu lado, então segurou minha mão.

-Posso escrever pra revista de onde estiver por isso escolhi esse trabalho. E o mais importante de tudo. – Ele se virou para me olhar diretamente nos olhos. – Eu nunca vou te abandonar, Megan.

-Bocó.

-Estou tentando ser fofo.

-Não combina contigo.

-Qual teu voo? Nem adianta me olhar assim.

No fim, eu tive de levar o Colin comigo. Ficamos um tempo na minha cidade e mais uns dias na capital do meu estado onde, por ter estudado e trabalhado por lá, eu tinha vários amigos.

Minha alma ficou renovada, colo de mãe é sempre necessário em um sofrimento. Dei muita risada dos meus amigos, família e o Colin tentando se entenderem, e também do tanto que reclamou do calor.

Colin nunca me pressionou pra voltar, mas vi o alívio em seus olhos quando falei pra comprarmos as passagens pra Londres. Em resumo, passamos quase três meses longe.

Eu não atendi as ligações do Tom que me ligou cinco vezes no total desses meses todos. Cheguei a atender algumas vezes as do pai e outras da mãe dele, portanto tenho certeza de que sabia por onde eu andava e não veio por mim. Acho que os dois precisavam de um tempo um do outro.

Por causa de um período tão longo fora, eu quase me esqueci da existência de paparazzis. No primeiro dia de volta, meus amigos me arrastaram para o bar onde a banda do Colin costuma tocar, dessa vez até os outros integrantes se juntaram a nós. Foi tudo muito divertido. Até o momento de ir embora, pois na saída várias pessoas com câmeras me cercaram.

Matt e Carl tentavam afasta-los, enquanto as meninas correram para pegar o carro. Colin segurava minha mão. Ao me ver quase começar a chorar em desespero com as perguntas sobre a perda do Arthur, o Tom e se eu seria capaz de perdoar aquela garota, ele teve a pior ideia do universo. Ele apenas disse:

-Se querem falar de algo, então falem sobre isso.

Colin me segurou com força e me deu um beijo. Não consegui reagir, tamanha foi a surpresa. Logo em seguida, ele achou uma brecha e me tirou dali. Eu não consegui falar nada durante todo o caminho, em casa fui direto para o meu quarto.

Essa estúpida atitude dele não teria consequências apenas na minha quase extinta relação com o Tom, mas também com a minha amiga Ray.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 29/11/2019
Código do texto: T6807045
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