SOBRE TUDO QUE TIREI DE TI

Imaginei você. Do jeito que está na foto. Com os cabelos soltos - que adoro -, com o sorriso aberto, com os óculos escuros. Imaginei você e comecei a escrever.

Faz tempo que não nos falamos, de verdade. Penso que nosso último assunto foi sobre comidas e dores de cabeça. O que mais me lembro eram as ligações pela manhã. Você já no trabalho e eu, boêmio que só, ainda curtindo minha cama. Uma vez me disse que só queria ouvir o som da minha voz; não dei importância naquele momento. Talvez pelo sono, talvez por não acreditar... panaca que eu era.

Hoje uso nossa história como um achado de ideias.

Te roubo para minhas criações. Alguns textos saem bonitos, principalmente os que me colocam como um apaixonado sofrido e infeliz.

As ideias que uso de nós, juntos, felizes, nunca me fazem acreditar no que está escrito. Triste, não é mesmo? Juro que é verdade.

Então roubo você para escrever amores de mentira. Esses rasgados, lindos demais para serem verdadeiros ou sentidos.

Roubo a música perfeita no momento exato.

Roubo os ventos em seu cabelo.

Roubo a covinha em suas bochechas.

Roubo o Sol sempre lindo.

Roubo encontros que nunca tivemos, mas que imagino sempre.

Roubo olhares, segredos, toques, palavras, sussurros.

Roubo noites quentes de amor.

Roubo tudo isso para vender, e existe gente que compra.

Pessoas que acham tudo isso válido, como eu.

Que mostram para uma paixão, à espera de um sorriso em troca.

Que decoram momentos, frases, possíveis diálogos.

Leem, dão um suspiro e voltam para a realidade.

Uns que não se importam por tamanhas bobagens.

Uns que usam como estímulo para a vida.

Umas podem sentir, outras podem sonhar, uns até vivem, outros procuram desesperados e se espelham em mim, ou melhor, em você.

São todos cúmplices de todos os meus roubos, de tudo que tirei de ti.

Danilo Tristão
Enviado por Danilo Tristão em 18/11/2019
Reeditado em 30/05/2024
Código do texto: T6797374
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