ENQUANTO CHOVE LÁ FORA
Enquanto chove lá fora, a Terra se transforma, um degrau vira uma cachoeira, um sonho se torna realidade e um rosto se transforma em uma obra de arte.
Enquanto chove lá fora o mundo tem sim importância, o medo não exista mais, e você pode ficar completamente só, ou não.
Enquanto chove lá fora, corações são partidos, inimigos perdoados, amores reconstruídos, e você permanece em minha cabeça.
Enquanto chove lá fora você pode vir até mim e me estender a mão, quem sabe ligar ou mandar um cartão. Pode me ver e me fazer, por um segundo, um pouco mais feliz.
Enquanto chove lá fora, brigamos e rolamos no chão. Damos murros nas paredes molhadas de suor e gritamos bem auto de dor, por estarmos vivos e por sermos humanos, mas isso amor nem sempre é o bastante.
Enquanto chove lá fora provamos o melhor e o pior da vida. Gostaríamos de poder mudar o mundo e reparamos que já é hora de trocar a cortina da sala.
Enquanto chove lá fora ouvimos uma boa música, relembramos pessoas queridas e tentamos imaginar todos elas perto de nós, agora mesmo. Construímos castelos, damos tchau a um desconhecido e pensamos como teria sido se tivéssemos dito sim ao invés de não.
Enquanto chove lá fora o Sol tenta voltar a brilhar. Vejo o seu rosto imaginando onde e quando você irá voltar, mas essa resposta nem mesmo o céu limpo pode trazer. Porque estou aqui, rasgando cartas que não consigo terminar, errando a lixeira que fica cada vez mais longe e esperando que um dia você possa, de novo, surgir me chamando no portão e gritando. Pois, eu continuo aqui, angustiado, lendo uma Veja antiga, encarando a chuva por horas. Você em sua cidade distante, eu olhando a janela enquanto chove lá fora.