Gosto de Framboesa
O homem, ainda moço, divagava como se estivesse falando com a sua amada:
"Sabe, querida, quando penso em você, tenho hábito de fechar os olhos devido à saudade. Sinto e constato que tive muita coisa na vida, menos, infelizmente, a felicidade.
"Veja bem, correm os meus dedos longos fazendo versos tristes que sempre invento. Mas nem aquilo a que me entrego com tanto esforço me dá contentamento.
"Não tem hora para penar, pode ser manhã cedo, dia claro, mas nada do que dizem me faz sentir alegria;
"Juro, querida, eu so queria ter do mato um gosto de framboesa pra correr entre os canteiros e esconder minha tristeza.
"Sim, sei que ainda sou bem moço pra curtir tanta tristeza. Deixemos isso pra lá, cuidemos da vida, pois senão chega a morte. Ou coisa semelhante. E nos arrasta moço sem ter visto a vida".
Adorva essa musica de Fagner em cima do poema de Cecília Meireles. Dizia tudo de um amor que nunca foi de fato vivido, só unilateralmente. Mas, quem sabe, um dia... Cantarrolou uns versos de uma musica linda de Tom Jobim:
"É pau, é pedra, é o fim do caminho/ É um resto de toco, é um pouco sozinho/ É um caco de vidro, é a vida, é sol/ É a noite, é a morte, é o anzol/ São as águas de março fechando o verão/ É promessa de vida no nosso coração".
Acho melhor essa divagação meio aloprada do que ouvir o votodos ministros do STF. Juro. Inté.