Decadentemente belo
Aquele pintor no auge de sua decadente habilidade fez aquele tal último quadro. Foi tomado por um ímpeto cego e ainda assim narcisista, que ele conseguiu pela derradeira vez extrair de sua eterna e ardente apaixonada o mais belo retrato, símbolo primeiro da perfeição superior. Porém em seu cego devaneio que a obsessão de maior grau tem como virtude, olhou para o chão ao término da pintura. Viu alí que ela restava já morta, como figura de um infeliz cadáver de pele sem brilho e olhos arregalados. Prendeu para sempre a belíssima donzela germânica em sua tela tão fina. Guardou para sempre aquele pobre corpo sem vida que já quase apodrecia aos seus pés naquela sala de pouca luz, em seus piores pesadelos. E de uma realidade inigualável ficaram guardadas eternamente com o triste pintor, aquelas duas imagens finalizadas.
(FANFICTION, Baseado em um conto de Edgar Allan Poe)