Melhor Amigo

Eu observava-o ansioso. Queria muito pular nele como uma daquelas garotas da TV pulam sobre os colchões para provar a maciez.

Eu o amava, parecia-me que a cada vez que ele aparecia trazia em si uma felicidade tão contagiante que me fazia ter vontade de cheira-lo por inteiro.

Me tornei totalmente dependente do seu sorriso e do seu afago, do seu afeto, e pelo momento glorioso em que ele encosta seu nariz no meu, ahh... eu espero o tempo que for preciso.

E mais uma vez ele voltou, entrou pela porta da frente, trazendo várias sacolas nas mãos que cheiravam tão bem quanto ele. 

Esperei.

Não contei quanto tempo passei assistindo-o guardar aquelas comidas cheirosas na geladeira, mas no momento em que terminou ele puxou de uma vasilha de plástico um gigantesco, suculento, resistente e cheirosíssimo osso suíno e jogou na minha frente, eu o encaixei entre os dentes e, naquele momento, entre os afagos do homem que eu amo e o sabor daquela refeição, eu era o cachorro mais feliz do planeta.