Eu amo a minha filha
- Venha pai, o sol está se pondo! - Disse minha filha aos berros, enquanto eu caminhava com certa dificuldade em sua direção.
Ali está ela, os cabelos balançando contra o vento e os últimos raios de sol batendo em seu rosto. Minha filha era tudo pra mim, minha companheira, confidente, conselheira, melhor amiga; até parece que tínhamos a mesma idade, no entanto, a diferença era grande, afinal éramos pai e filha.
Minha menina nasceu prematura, numa gestação que duraram sete meses, infelizmente a mãe, o grande amor da minha vida, morreu durante o parto. Os primeiros meses foram complicados. Tive que abandonar meu emprego só para me dedicar única e exclusivamente para a minha filha. E não me arrependo. Até parece que tudo aquilo aconteceu de propósito, coisas do destino. Lembro-me do dia em que ela segurou pela primeira vez a minha mão. Ela estava dentro da incubadora lutando pela própria vida, o corpinho frágil cheio de fios, a respiração fraca, mas a mãozinha minúscula conseguiu agarrar a minha mão enorme como quem quisesse dizer, eu tô aqui, não vou te deixar. E foi assim e é assim até hoje. Desde o dia em que minha filha saiu do hospital passamos a viver um ao lado do outro, um ajudando o outro. Por fim posso dizer com toda certeza desse mundo, eu amo a minha filha.