Adeus,inverno.

O frio se foi e o sol invade a minha janela às seis da manhã ,os meus olhos queimam e o meu corpo resiste na cama. O inverno se foi há três dias. O fogo que me queimava como fogueira ,é agora brasa.Logo a brasa virará cinza. E logo a cinza se misturará a terra. E nessa terra,as flores e árvores irão crescer e seguir o destino que a natureza reservou à elas.As chuvas virão e as sementes que foram esquecidas no solo irão germinar. As nuvens e as montanhas desenharão o céu.O tempo passará. Lara sempre gostou de escrever sobre o mundo,a natureza,as coisas. Eu sempre escrevi poemas e contos que nem eu mesma entendia,mas ela sempre os entendeu. O casaco azul que usei no inverno já não tem mais o seu perfume e o seu rosto,já não está mais em minha memória. Não lembro mais do seu toque,do seu calor.Lembro

vagamente do seu sorriso.As fotos ,já envelhecidas e amareladas estão guardadas em algum lugar da casa,dentro de uma caixa de sapatos,junto com todas as cartas que ela me entregou.A noite começa a cair,vou com muita dificuldade até a sala,olho as telas envelhecidas na minha parede. As dores da velhice ,enfim,chegaram. Já se passaram mais de vinte invernos sem ela.A casa tem uma enorme varanda,onde ela costumava ficar observando o céu. Hoje ,eu estou a observar as estrelas aqui da varanda,esperando o próximo inverno.

Carolina Duvir
Enviado por Carolina Duvir em 24/07/2019
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