Gabriela e Nacib
Não sabia precisar quantas vezes tinha lido o romance "Gabriela Cravo e Canela", de Jorge Amado. Ene vezes, sem dúvida. Virara hábito, mania, prazer. Adorava reler esse romance. Era tão delicioso quanto os quitutes da baiana.
Ler"Gabriela" era remédio santo para curar desalento e aporrinhações. Era fascinado pelo livro, mas gostara paca da novela (com Sonia Braga e Armando Bogus), mas nem tanto do filme. Achava que Gabriela era uma alegoria da liberdade e da vida. Não havia na literatura brasileira personagem que fosse superior a Bié.
Havia no livro um trecho, o momento em que Nacib encontrava Gabriela dormindo na sua casa e não se controlara que era o seu preferido, achava lindo demais:
"... O desejo subia no peito de Nacib, apertava=lhe a garganta. Seus olhos se escureciam, o perfume de cravo o tonteava, ela tomava do vestido para melhor ver, sua nudez cândida ressurgia.
" - Bonito... Fiquei acordada, esperando pro moço me dizer a comida de amanhã. Ficou tarde, vim deitar...
" - Tive muito trabalho - s palavras saíam-lhe a custo.
" - Coitadinho. Não tá cansado?
" Dobrou o vestido, colocava os chinelos no chão.
" - Me dê, penduro no prego.
"Sua mão tocou a de Gabriela, ela riu:
" - Mão mais fria...
"Ele não pôde mais,segurou-lhe o braço, a outra procurou o seio crescendo no luar. Ela o puxou para si.
- Moço bonito...
"O perfume de cravo enchia o quarto, um calor vinha do corpo de Gabriela, envolvia Nacib, queimava-lhe a pele, o luar morria na cama. Num sussurro entre beijos a voz de Gabriela agonizava:
" - Moço bonito...".
Depois de ler esse trecho deu uma paradinha, um sono leve chegou, cochilou e sonhou que estava no bar Vesúvio, de Nacib, e via Gabriela chegandocom os quitutes e acendendo a libido da clientela. Inté.