SOMBRA
Ah, eu ouvi o adeus quando atravessava a quarta esquina. Tudo muito sombrio eu não pude me conter. Chorei alto. Tive medo pela milésima vez. Chorando , eu corri. Como se ninguém pudesse me alcançar. Angustiado fiquei por não ter asas e sair dali sem destino.
Abraçado pelo mais preto casaco. Cada rua se tornava um tormento. Realmente eu estava sem destino. E o que /quem eu buscará não encontrava. Tive muita fome e sede, mas não podia parar, alguém me perseguia.
Avistei um bosque esverdeado. E corri para lá. Me perdi naqueles lindos girassóis arrodeados pelas vívidas dálias. Os pássaros cantavam lindamente. E não havia algo que se comparasse aquele momento. Que se igualasse a tudo que eu vi e ouvi.
Lá dentro eu não me senti perseguido .
A noite estava comigo e eu percebi que estava com medo de mim mesmo. Da minha inútil sombra.
Perpassado com tudo, eu decidi voltar para o meu abrigo anterior. Onde eu não tinha fome, nem sede, tinha companhia, mas não tinha amor.
Eu levei um buquê, e com aquelas cores vivas, com um perfume inefável. Eu respondi aquele adeus da quarta esquina. E parti para sempre.
Crispim