SOMBRA

Ah, eu ouvi o adeus quando atravessava a quarta esquina. Tudo muito sombrio eu não pude me conter. Chorei alto. Tive medo pela milésima vez. Chorando , eu corri. Como se ninguém pudesse me alcançar. Angustiado fiquei por não ter asas e sair dali sem destino.

Abraçado pelo mais preto casaco. Cada rua se tornava um tormento. Realmente eu estava sem destino. E o que /quem eu buscará não encontrava. Tive muita fome e sede, mas não podia parar, alguém me perseguia.

Avistei um bosque esverdeado. E corri para lá. Me perdi naqueles lindos girassóis arrodeados pelas vívidas dálias. Os pássaros cantavam lindamente. E não havia algo que se comparasse aquele momento. Que se igualasse a tudo que eu vi e ouvi.

Lá dentro eu não me senti perseguido .

A noite estava comigo e eu percebi que estava com medo de mim mesmo. Da minha inútil sombra.

Perpassado com tudo, eu decidi voltar para o meu abrigo anterior. Onde eu não tinha fome, nem sede, tinha companhia, mas não tinha amor.

Eu levei um buquê, e com aquelas cores vivas, com um perfume inefável. Eu respondi aquele adeus da quarta esquina. E parti para sempre.

Crispim

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 01/06/2019
Reeditado em 24/03/2021
Código do texto: T6662256
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